Um ano depois de assumir a presidência, cautelosamente, Raul Castro introduz mudanças significativas na composição do governo, tirando a dois dos principais representantes da geração mais jovem – Carlos Lage, que era uma espécie de primeiro ministro –e Perez Roque, um jovem chanceler formado diretamente por Fidel, de quem foi um assessor direto. Além do Ministro de Economia, José Luis Rodrigues, entre outros.
As especulações vão em distintas direções. Depois que Fidel disse que não se pronunciaria mais sobre política interna, para dar mais liberdade de ação ao governo, Raul inclui a militares de alta graduação no governo, gente que sempre trabalhou diretamente com ele. Pode significar a busca do que ele considera uma maior eficácia – como se considera que existe nas empresas dirigidas pelos militares – e que analistas internacionais apontam como uma variante da opção tomada pela China – de abertura econômica, mas rígido controle da economia por parte do Estado.
Em outra direção, a mudança de Perez Roque por seu segundo, pode ter a ver com a mudança de governo nos EUA, mas se o substituito chega a ser efetivado, pode não ter outro significado, porque ele trabalhou sempre diretamente com Roque.
O anúncio foi feito como última notícia do jornal da televisão do meio dia, depois da reunião do Conselho de Estado realizada pela manhã. A surpresa veio por afetar a dois dirigentes que sempre foram considerados candidatos a uma equipe coletiva que deve dirigir a futuro o Estado cubano. Os outros dirigentes sempre mencionados – Ricardo Alarcon, dirigente histórico da política externa cubana e atualmente Presidente do Parlamento cubano, assim como o Ministro da Cultura, Abel Prieto, que se encontra na Espanha, mantêm seus cargos.
Raul demonstrou, no seu principal pronunciamento, um sentimento realista sobre as condições concretas de vida dos cubanos, comprometendo-se a passar a limpo a política de remunerações, para promover melhorias nos salários. Na mais importante decisão tomada até agora, decidiu-se flexibilizar a escala salarial, incentivando a produtividade – no sentido estrito da Carta ao Programa de Gotha, de Marx, que dizia que no socialismo, cada um receberia de acordo com seu trabalho, deixando para o comunismo, quando exista fartura, a remuneração pelas necessidades de cada um.
Por outro lado, Raul também se mostrou sensível à flexibilização de algumas limitações no acesso aos hotéis e à compra de celulares. Outras medidas foram adiadas depois que os furacões causaram danos gravíssimos à agricultura cubana.
Mas a partir de agora é que o governo pode começar a ganhar uma nova fisionomia, mesmo antes da realização do novo Congresso do Partido Comunista, a realizar-se neste ano.
Começa a era Raul. Prepara-se a futura equipe governante em Cuba? Tudo isso é sempre tratado com grande discrição. As medidas concretas, especialmente na área econômica e externa, dirão a sua real dimensão.
Postado por Emir Sader às 05:01
Quem Diria, e eu que pensava ser carlos Lage o subistituto de Raúl....
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