segunda-feira, 25 de maio de 2009

Leia e pense

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira, em breves declarações na Casa Branca, que a comunidade internacional "deve agir" diante do teste nuclear anunciado nesta segunda-feira pela Coreia do Norte. O democrata, que chegou à Presidência com discurso pró-diálogo, abandonou o tom diplomático e reiterou que o teste norte-coreano é uma grave ameaça a todo o mundo.

"Os EUA e a comunidade internacional devem atuar diante do ensaio nuclear da Coreia do Norte", disse Obama, que qualificou o teste --o segundo de Pyongyang em menos de três anos-- como uma "profunda violação do direito internacional".

Obama afirmou ainda que a notícia do teste deve ser "um tema de grande preocupação para todas as nações".


Por que as potências ocidentais e os aliados dos EUA, tais como Israel, podem ter armas nucleares, sem isso despertar uma "grande preocupação para todas a nações", enquanto outros países como Irã e Coréia do Norte não podem? o que faz aqueles confiáveis e estes não? Os Estado Unidos e seus aliados se acham os senhores da verdade, da liberdade e da democracia, mas quando olhamos a história vemos que são justamente eles os responsáveis pelas maiores atrocidades cometidas no mundo. O único país do mundo a jogar uma bomba nuclear em outro foi os Estados Unidos, não é interessante?


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sábado, 23 de maio de 2009

Petrobrax para iniciantes


Do blog Brasília, eu vi

Eu estava mesmo querendo falar sobre essa incrível cruzada ao fundo do poço que a oposição, PSDB à frente, decidiu empreender contra a Petrobras, justo no momento em que a empresa se posiciona como uma das grandes do planeta. Sim, a inveja é uma merda, todo mundo sabe disso, mas mesmo a mais suntuosa das privadas tem um limite de retenção. Como não se faz CPI no Brasil sem um acordo prévio com publishers e redações, fiquei quieto, aqui no meu canto, com meus olhos de professor a esperar por um bom exemplo para estudo de caso, porque coisa chata é ficar perdido em conjecturas sem ter um mísero emblema para oferecer aos alunos ou, no caso, ao surpreendente número de pessoas que vem a este blog dar nem que seja uma olhada. Pois bem, esse dia chegou.

Assinante do UOL há cinco anos, é com ele que acordo para o mundo, o que não tem melhorado muito o meu humor matutino, diga-se de passagem. De cara, vejo estampada, em letras garrafo-digitais, a seguinte manchete:

Petrobras gastou R$ 47 bi sem licitação em seis anos

Teca, minha cocker spaniel semi-paralítica, se aninha nos meus pés, mas eu não consigo ficar parado. Piso nas patas traseiras dela, mas, felizmente, ela nada sente. A dedução, de tão lógica, me maltrata o ânimo. Se tamanha safadeza ocorreu nos últimos seis anos, trata-se da Era Lula, redondinha, do marco zero, em 2003, até os dias de hoje. Nisso, pelo menos, a matéria não me surpreende. Está lá:

"Desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Petrobras gastou cerca de R$ 47 bilhões em contratos feitos sem licitação, informa reportagem de Rubens Valente, publicada na Folha desta quarta-feira" (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).

Pá-pá-pá. Preto no branco. Tiro à queima roupa. Um lead jornalístico seco como biscoito de polvilho. Desde que chegou ao Planalto, Lula deixou a Petrobrás gastar 47 bilhões de reais em contratos sem licitação. Vamos, portanto, à CPI. Nada de chiadeira. Demos e tucanos, afinal, têm razão. Bilhões delas. Dane-se o Pré-Sal e o mercado de ações. Quem for brasileiro que siga Arthur Virgílio!

Mas, aí, vem o maldito segundo parágrafo, o sublead, essa réstia de informação que, pudesse ser limada da pirâmide invertida do texto jornalístico, pouparia à oposição tocar a CPI sem o constrangimento de ter que bolar malabarismos retóricos em torno das informações que se seguem. São elas, segundo a Folha On Line:

Amparada por decreto presidencial editado por Fernando Henrique Cardoso em 1998 e em decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), a petroleira contratou sem licitação serviços como construção, aluguel e manutenção de prédios, vigilância, repasses a prefeituras, gastos com advogados e patrocínios culturais, entre outros. O valor corresponde a 36,4% do total de gastos com serviços (R$ 129 bilhões) da petroleira de janeiro de 2003 a abril de 2009.

A prática não começou com Lula. Somente entre 2001 e 2002, sob a administração de Fernando Henrique (PSDB-SP), a petroleira contratou cerca de R$ 25 bilhões sem licitações, em valores não atualizados.

Parem as rotativas digitais! Contenham as massas! Abatam os abutres! Como é que é? Volto à minha sala de aula imaginária (só poderia ser, porque hoje eu nem dou aula). Vamos fazer uma análise pontual do texto jornalístico, menos pelo estilo, impecável em sua dureza linear, diria até cartesiana, mas pela colocação equivocada das informações. Depois caem de pau em cima de mim porque defendo a obrigatoriedade do diploma. Vamos lá:

1) Na base da pirâmide invertida, há uma informação que deveria estar no lead e, mais ainda, no título da matéria. Senão, vejamos. Se entre 2001 e 2002 a Petrobras gastou 25 bilhões, “em valores não atualizados” (???), em contratos sem licitações, logo, a matéria deveria começar, em seu parágrafo inicial, com a seguinte informação: “Nos últimos oito anos, a Petrobras gastou R$ 72 bilhões (R$ 47 bilhões + R$ 25 bilhões, “em valores não atualizados”) em contratos sem licitações. Então, CPI nessa cambada! Mas que cambada? Sigamos em frente.

2) O mesmo derradeiro parágrafo informa que a “prática” se iniciou “sob a administração” de Fernando Henrique Cardoso, aquele presidente do PSDB. Aliás, reflito, só é “prática” porque começou com FHC. Se tivesse começado com Lula, seria bandalha mesmo. Mas sou um radical, não prestem atenção em mim. Continuemos a trabalhar dentro de parâmetros técnicos e jornalísticos. Logo, a CPI tem que partir para cima do PT e do PSDB. Um pouco mais em cima do PSDB. Por quê? Explico.

3) Ora, até eu que sou jornalista e, portanto, um foragido da matemática, sou capaz de perceber que se a Petrobrax de FHC gastou R$ 25 bilhões (em valores não atualizados!) em contratos sem licitação em apenas dois anos, e a Petrobras de Lula gastou R$ 47 bilhões em seis anos, há um desnível de gastos bastante razoável entre um e outro. Significa, por exemplo, que FHC gastou R$ 12,5 bilhões por ano. E Lula gastou R$ 7,8 bilhões por ano. Ação, segundo a reportagem da Folha, “amparada por decreto presidencial editado por Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e em decisões do STF (Supremo Tribunal Federal)”. Poderia até acrescentar que a Petrobras vale no mercado, hoje, R$ 300 bilhões, e que valia R$ 54 bilhões quando FHC deixou o governo. Mas é preciso manter o foco jornal

4) Temos, então, uma lógica primária. Com base em uma lei de FHC, amparada pelo STF, a Petrobras tem feito contratos sem licitações, de 2001 até hoje. A “prática” é irregular? CPI neles! Todos. Mas, antes, hora de refazer o título e o lead!

Petrobrás gastou R$ 72 bi em contratos sem licitação, em oito anos

Desde 2001, durante o segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), até abril deste ano, a Petrobras gastou cerca de R$ 72 bilhões em contratos feitos sem licitação. Os gastos foram autorizados, em 1998, por um decreto presidencial assinado por FHC e, posteriormente, amparados por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre 2001 e 2002, a empresa, sob administração tucana, gastou R$ 25 bilhões em contratos do gênero, em valores não atualizados, uma média de R$ 12,5 bilhões por ano. No governo Lula, esses gastos chegaram a R$ 47 bilhões, entre 2003 e abril de 2009, uma média de R$ 7,8 bilhões anuais.

Bom, não sei vocês, mas eu adoro jornalismo. Em valores atualizados, claro.


Eu tive esta mesma percepção. Fico impressionado como a imprensa nos trata como idiotas, é só ler que está lá. A soma de Lula são seis anos e de FHC são dois, mas eles estacam a gestão de Lula e não a de FHC. É tudo tão claro, como se fosse um provocação....


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quarta-feira, 20 de maio de 2009

O Roda Viva de segunda



UM VIVO NA RODA

por Eduardo Guimarães

Na última segunda-feira, participei do programa Roda Viva, da TV Cultura, que entrevistou o senador tucano pelo Paraná, Álvaro Dias. Fui convidado pela produção do programa para enviar perguntas e comentários via Twiiter e chat da página da emissora na internet. Essas perguntas, feitas pelos três twitters convidados pelo programa, caíam diretamente no computador da jornalista Lia Rangel, que as repassava ao mediador, Heródoto Barbeiro.

Tive dificuldade de avaliar se valeu a pena perder uma tarde de trabalho profissional remunerado para participar graciosamente do programa. Concluí que valeu apenas por eu ter podido ver as entranhas do polêmico Roda Viva e da própria TV Cultura, que há anos vem sendo acusada de ser usada politicamente pelos governos do PSDB paulista.

Pela participação que tive no programa, penso que não valeu. Consegui ter apenas uma única pergunta emplacada, e quem a veiculou - pois a bancada de três twitters (que integrei) não tinha permissão para se manifestar verbalmente - foi o mediador. E, como se não bastasse, aquela bancada foi tratada com desprezo pela produção do programa, que nem se deu ao trabalho de apresentar as três pessoas que abriram mão de seus afazeres para estar ali.

A pergunta que fiz, e que aqueles que acompanharam o programa pelo Twitter e pelo chat puderam ler, foi a seguinte:

Senador [Álvaro Dias], por que esse ímpeto investigativo do PSDB [de se empenhar tanto para criar a CPI da Petrobrás] não se reproduz no governo Serra, que veta todas as CPIs [da oposição na Assembléia Legislativa paulista]?

O mediador do programa, Heródoto Barbeiro, recebeu minha pergunta em seu computador repassada pela jornalista Lia Rangel (alguém se lembra da participação dela nos bastidores do Roda Viva durante as entrevistas de Gilmar Mendes e de Protógenes Queiroz?). Contudo, o mediador distorceu a pergunta omitindo a menção ao governo Serra, mudando para “governos do PSDB”.

O senador tucano, autor do requerimento da CPI da Petrobrás no Senado, pôde mentir e distorcer os fatos com grande desenvoltura graças à leniência da bancada de entrevistadores, que, diante de respostas do senador como a de que não poderia falar pelos governos do PSDB nos Estados quando bloqueiam CPIs, foi poupado de maiores questionamentos.

Só vendo por dentro o Roda Viva pude verificar esse tipo de distorção, que só não foi maior talvez por que eu, de lá da segunda bancada, não podendo falar limitava-me a fazer caras e bocas e a dar sorrisos irônicos. Cheguei, em certo momento, a fazer menção de levantar e deixar o programa, mas, sob o olhar temeroso da evidentemente séria jornalista Lia Rangel, optei por ser educado e não causar tumulto.

Não foi por outra razão que, ao fim do programa, quando Lia veio até os “twiters” (eu, o filho de Wladimir Herzog e um estudante do Mackenzie) para gravar o que o programa chama de “bastidores”, a produção cortou a energia dos holofotes, das câmeras e tudo mais, de forma que aquela edição do Roda Viva ficou sem aqueles “bastidores” que são sempre apresentados pela internet.

No entanto, durante o intervalo comercial do segundo bloco do programa, Lia gravou comigo uma entrevista relâmpago sob o pedido de que eu dissesse o que estava achando. Respondi a ela que estava presenciando uma “comédia”, que o PSDB tenta sabotar o Brasil para eleger Serra e que, por isso, aquele homem que ali estava, bem como seu partido, constituíam uma ameaça ao país.

Álvaro Dias e todo o resto dos que ali estavam ouviram claramente o que eu disse, pois estávamos todos separados por poucos metros de distância num ambiente fechado e que, naquele momento, mergulhara num estrepitoso silêncio.

Para mim, ficou cristalino o uso político que os governos tucanos de São Paulo vêm dando à TV Cultura durante os últimos 15 anos. É um abuso a utilização do dinheiro dos impostos dos paulistas para manter uma emissora pública que foi colocada a serviço de um partido político, o PSDB.

Tudo aquilo de que a oposição tucano-pefelê e a mídia acusam reiteradamente a TV Brasil (de ser “tevê do Lula” e outras bobagens) vale apenas para a TV Cultura, que, por estar sendo usada ilegalmente como arma política, afirmo que está sendo gerida como se fosse de propriedade do PSDB de São Paulo. Em vez de CPI da Petrobrás, o Congresso Nacional deveria fazer uma CPI da TV Cultura



Já imaginava.....

Pergunta que não quer calar?



Ainda não observei na mídia a discussão mas acalorada sobre o candidato a vice na chapa do PT. A doença de Dilma infelizmente me faz lembrar de Tancredo em 1985, e o Brasil teve de engolir Sarney. É preciso pensar nesta defasta possibilidade e se preparar para, caso ela aconteca, não termos de aceitar um presidente que não escolhemos, e que em muitas ocasiões é apenas fruto de acordos políticos, não estando necessariamente com a mesma política do presidente. Foi assim com Tancredo e Sarney.


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terça-feira, 19 de maio de 2009

Senado colombiano aprova referendo para a 2ª reeleição de Uribe

Do UOL Notícias*
Em São Paulo
O Senado da Colômbia votou a favor da convocação de um referendo para consultar os colombianos sobre uma nova reeleição do presidente Álvaro Uribe nas eleições de 2010.

A iniciativa foi aprovada por 62 votos a favor e apenas cinco contra, já que o Partido Liberal e o Polo Democratico Alternativo, principais opositores do atual governo, se retiraram da votação.

A iniciativa passa agora para a aprovação pelas comissões de conciliação, já que a Câmara havia aprovado o artigo sobre a reeleição em 2014, e não em 2010. O passo seguinte é passar pelo controle da Corte Constitucional, que terá um prazo de seis meses para se pronunciar.

*Com informações da EFE


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Já reparou como a imprensa notícia algum assunto que envolve interesses políticos favoráveis a sua ideologia? O quarto mandato é chamado de "segunda reeleição". Não há muito alarde, para uma imprensa que zela pela democracia, veja bem, Uribe poderá ser eleito pela quarta vez consecutiva, onde está a alternância de poder? Será que a Veja dará alguma nota sobre essse assunto? vejamos esta semana. Agora se fosse o Lula...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Até onde eles são capazes de ir?

Obama tenta esconder tortura mas web divulga fotos



No mesmo dia em que o Presidente Obama tentou censurar, a pedido dos militares, fotos em que americanos torturam iraquianos, a internet furou a censura.

Um site na Austrália divulgou as fotos imediatamentedifundidas pelo site do jornal inglês Independent.


Este é a esperança dos Estados Unidos e do mundo....



Aécio não será vice de Serra.


Aécio não será vice de Serra.Primeiro, Aécio não leva Fernando Henrique a sério.Aécio tem de Fernando Henrique a opinião que tinha o avô, Tancredo: esse homem (Fernando Henrique) não é sério.

Segundo, porque só um parvo acreditaria numa divisão de poder com Serra.

Aliás, só um parvo acredita no que Serra diz.

O Alckmin sabe disso …

Se a chapa vencesse, Aécio seria encarcerado no Palácio Jaburu e não iria nem à posse do presidente de Sri Lanka para representar o Brasil.

Terceiro, porque, se perder (que é o que acontecerá, já que o Vesgo do Pânico tem mais chance de ser presidente do que Serra), se perder, Aécio passará quatro anos a ver navios.

Ele jamais seria convidado para ser editorialista da Folha (*).

Quarto, quem disse que a vitória de Dilma significará o
ostracismo político de Aécio ?

Significará o ostracismo político dos tucanos de São Paulo, de FHC, de Arthur Virgilio, Tasso Jereissati, Álvaro Dias e Sérgio Guerra, que querem privatizar o pré-sal.

Clique aqui para ler “por que os tucanos querem desmoralizar a Petrobrás” ; e “O petróleo é nosso, Serra”

A eleição de Dilma pode, perfeitamente, ajudar os projetos de Aécio.

Quinto, ao se eleger Senador por Minas, Aécio é inevitavelmente candidato à Presidência do Senado, com o apoio da presidente Dilma Rousseff.

Por que Aécio seria candidato a vice ?

Sexto, Serra tem 68 anos. Aécio tem 50. Quem está desesperado para ser presidente é o Serra.




Serra é quem precisa de Aécio.

Mas, Serra será devidamente “serrado” em Minas, como Cristiano Machado foi “cristianizado”.

Como diz um amigo meu, esses jornalistas de São Paulo precisavam entender um pouco mais de Minas …

Eles levam o Fernando Henrique a sério.

Paulo Henrique Amorim


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Azenha: CPI da Petrobras é para produzir manchetes para o Ali Kamel


por Luiz Carlos Azenha
Quando eu era repórter da Globo, entre 2005 e 2006, durante meses o Jornal Nacional dedicava de três a dez minutos diários à cobertura de três CPIs: a do Mensalão, a dos Correios e a do Fim do Mundo.
As reportagens registravam acusações, ilações e suposições geradas diariamente nos corredores do Congresso, a grande maioria delas desprovada mais tarde. Não importa. O objetivo óbvio era produzir fumaça e as manchetes que faziam Ali Kamel delirar. O capo da Globo ficou tão excitado que despachou para Brasília uma assistente pessoal, cuja tarefa diária era percorrer os bastidores do Congresso para passar e receber informações, além de monitorar os colegas de emissora.
Uma CPI como a da Petrobras fornece o argumento essencial para Kamel e seus asseclas: estamos apenas “cobrindo os fatos”, argumentam. Já escrevi aqui ene vezes sobre 2006: capas da Veja alimentavam o Jornal Nacional, que promovia a devida “repercussão”, gerando decisões políticas que alimentavam outras capas da Veja, que apareciam no JN de sábado e geravam indignação em gente da estirpe de ACM, Heráclito Fortes e Arthur Virgílio.
Só essa “indignação seletiva” é capaz de explicar porque teremos uma CPI da Petrobras mas nunca tivemos uma CPI da Vale ou das privatizações.
Porém, os farsantes de hoje correm alguns riscos:
1. Especialmente depois da CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, em que o Parlamento brasileiro foi privatizado para defender um banqueiro, o próprio instituto das CPIs está desmoralizado.
2. À CPI da Petrobras faltam detalhes picantes. Já imaginaram qual será o grande momento da investigação? O depoimento de um contador? De um fiscal da Receita? A essa altura o Ali Kamel deve estar pendurado ao telefone com o Demóstenes Torres exigindo algum cadáver, alguma secretária traída, qualquer coisa que tenha apelo. Para não afundar ainda mais a audiência do JN.
3. O brasileiro se identifica com a Petrobras. Os inquisidores da empresa correm o risco de serem tachados de entreguistas, de prejudicarem a empresa e, portanto, a imagem do Brasil no Exterior. É óbvio que o PSDB pretende usar a CPI para fazer barganha política nos bastidores, especialmente agora que estão em discussão as regras para a exploração do pré-sal. Em relação a 2010, não há nada mais poderoso do que acusar os tucanos de buscarem a privatização da Petrobras. No segundo turno de 2006, lembram-se? Lula, acusado de desperdício por ter comprado um avião presidencial novo, passou a dizer que Alckmin pretendia privatizar “até o avião da Presidência”.
Isso forçou Alckmin àquele momento patético:

Vamos ver, agora, se a Petrobras continuará despejando dinheiro público nos intervalos do Jornal Nacional ou nas páginas de jornais e revistas cujo objetivo é servir ao projeto tucano de privatizá-la. Feito o filho do FHC com a jornalista da Globo, produzir a “Petrobrax” é algo que os tucanos nunca assumem.


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A estratégia Serra

Da TV Cultura

Alteração: Roda Viva entrevista senador Alvaro Dias

Caro(a) jornalista,

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado, participa hoje (18/5) do programa Roda Viva, com transmissão ao vivo, a partir das 18h30, pela IPTV Cultura - www.iptvcultura.com.br. A entrevista, conduzida pelo jornalista Heródoto Barbeiro, será exibida às 22h10, sem corte ou edição, na TV Cultura.

(…) A entrevista (gravada) com o economista e Prêmio Nobel Robert Mundell, prevista para ir ao ar hoje, será apresentada posteriormente, em data a ser definida.

É triste ver como um programa tão bom como o programa Roda Viva se transformou em palanque para José Serra ser eleito Presidente. Há tempos não assisto o programa, e pelo visto continuarei a não assisitr.


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sábado, 16 de maio de 2009

A CPI da Petrobrax e a tucanalhada

Os tucanos queriam privatizar a Petrobrás, como parte dos acordos assinados com o FMI, trocaram o nome da empresa – orgulho e patrimônio nacional – para Petrobrax, para tirar essa marca de “Brasil”, negativa para eles, e torná-la uma “empresa global”, a ser submetida a leilão no mercado internacional. Não conseguiram. Seu ímpeto entreguista durou menos de 24 horas diante do clamor nacional. Se deram conta que naquele momento tinham avaliado mal os sentimentos do povo brasileiro, que tinham ido longe demais no seu ardor privatizante e entreguista. Tiveram que recuar, mas nunca abandonaram seu projeto, tanto assim que venderam 1/3 das ações da Petrobras na Bolsa de Valores de Nova York, como primeiro passo para a privatização da empresa.

Tinham colocado em prática o programa econômico mais antinacional, de maior abertura ao capital estrangeiro, que o Brasil conheceu, sob o mando de FHC e seus ministros econômicos – Pedro Malan e Jose Serra. Quebraram o país três vezes e correram pedir mais há empréstimos ao FMI, assinando com presteza as Cartas de Intenção, de submissão aos organismos financeiros internacionais. Na crise de 1999, subiram as taxas de juros a 49%, para tentar segurar o capital especulativo e impuseram uma recessão de que a economia só voltou a se recuperar no governo Lula. Entre as cláusulas secretas da Carta de intenções assinadas nesse momento, a imprensa revelou que constava a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica.

Foram rejeitados pelo povo. Quando Lula, no sexto ano do seu governo, tem o apoio de 80% da população e a rejeição de apenas 5%, FHC tinha o apoio de apenas 18%, mesmo contanto com o apoio total da totalidade da grande mídia, essa mesma que rejeita a Lula.

Viram, com frustração, a Petrobrás se transformar na maior empresa brasileira e em uma das maiores do mundo, conseguir a auto suficiência em petróleo para o Brasil, descobrir o pré-sal, entre tantas outras conquistas, afirmando seu caráter nacional e de identificação com a construção de um Brasil forte.

Mas não se conformaram. Na calada da noite organizaram uma CPI sobre a Petrobrás. Enquanto o povo quer uma CPI sobre a Petrobrax. Tratam de impor os danos que consigam à maior empresa brasileira, tentam impedir que a exploração do pré-sal fique nas mãos do Estado brasileiro, querem afetar o valor das ações da empresa, obstaculizar seus planos de expansão e de crescimento. Porque lhes dói tudo que seja nacional, tudo que represente fortalecimento do Brasil como nação,

São os corvos do século XXI, os novos lacerdistas, os novos udenistas, a direita branca e elitista, antinacional, antipopular, que sente asco pelo povo e pelo Brasil. FHC espumava de raiva ao ver que para tentar ter alguma chance de disputar o segundo turno com Lula, o candidato do seu partido rejeitou as privatizações do seu governo, comprometeu-se a não tocá-las pra frente, sabendo que se chocam frontalmemente com os sentimentos do povo brasileiro.

Querem prejudicar a imagem da Petrobrás, a fortaleza da empresa de que se orgulham os brasileiros, que a querem cada vez mais forte e mais brasileira. Acenam para as grandes empresas estrangeiras de petróleo com a possibilidade de dar-lhes o controle do pré-sal, como presente de ouro, caso consigam retomar o governo no ano que vem, garantindo-se ao mesmo tempo polpudos financiamentos eleitorais. Não hesitam em sacrificar tudo o que seja nacional e popular, contanto que possam voltar ao governo e seguir dilapidando o patrimônio publico.

São definitivamente uma tucanalhada, que precisa ser repudiada e rejeitada pelo povo brasileiro, para que não possam seguir tentando causar danos ao Brasil. Tirem suas patas entreguistas de cima da Petrobrás, do pré-sal e do Brasil, tucanalhada antinacional, antipopular e antidemocrática. O Brasil é maior que vocês, os rejeitou tantas vezes e vai rejeitá-los de novo. É Monteiro Lobato contra Carlos Lacerda, Getúlio contra Rockfeller, o povo brasileiro contra a tucanalhada de FHC. Que se instaure a CPI que o povo quer – a CPI da Petrobráx, onde estão as digitais dessa corja de odeia o povo e o Brasil.

Postado por Emir Sader às 07:13

Embora Petista o que Emir escreve é a mais pura verdade. o PSDB é a nova UDN.

Por que o PSDB quer a CPI? É para privatizar o pré-sal


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu para o ataque contra os senadores do PSDB, que conseguiram criar hoje a CPI da Petrobras. Lula disse que não se intromete em assuntos do Congresso, mas afirmou que essa investigação foi articulada pelo PSDB.

“O governo não se intromete na atuação do Congresso Nacional, respeita a autonomia do Congresso, mas essa é uma CPI que não é do Congresso. É muito mais do PSDB”, disse ele hoje na Base Aérea de Brasília antes de embarcar para a Arábia Saudita.

O presidente atrelou a criação da CPI à crise econômica internacional e afirmou que era pouco patriótico fazer esse tipo de investigação no atual cenário. “Num momento de crise internacional, levantar uma CPI contra a Petrobras é ser pouco patriota, pouco responsável pelo país.”

O presidente afirmou que não acredita na existência de irregularidades na Petrobras que precisem ser investigadas. “O país não pode viver uma eterna CPI porque há outros meios de investigação.”



Os tucanos querem desmoralizar e desestabilizar a maior empresa brasileira para servir a seus patrões: os privatizadores.Fernando Henrique abriu a exploração aos grupos estrangeiros na esperança de destruir a Petrobrás e vendê-la.

Fernando Henrique era a favor da privatização da Petrobrás. Ele e aquele que ele chama de “brilhante”, Daniel Dantas.

Daniel Dantas recebeu de Antonio Carlos Magalhães a incumbência de estudar a privatização da Petrobrás como forma de o PFL contribuir com o governo que se iniciava, o de Fernando Henrique Cardoso.

Como primeiro passo do marketing de privatização da Petrobrás, os cérebros que cercavam Fernando Henrique iam mudar o nome da empresa para “Petrobrax”, marca evidentemente mais globalizada…O sufixo “bras” provocava comichão em Fernando Henrique, que, em entrevista à Revista Piauí, qualificou a solenidade do 7 de Setembro de “uma palhaçada” (ele deve comemorar o 4, o 9 ou o 14 de Julho, em silêncio).

Na superfície, os senadores tucanos querem a CPI para salvar o mandato. O objetivo, porém, corre em águas profundas.

O que os tucanos querem é impedir que se crie uma nova agência estatal para administrar o pré-sal e, como na Noruega, através de um fundo de investimento, transferir os recursos para a educação.

Os tucanos, como os seus antecessores do PiG (*) fora do PiG (*), Assis Chateaubriand e Roberto Campos, estão a serviço do capital estrangeiro.

Tomara que a ministra Dilma Rousseff e o presidente Lula, nos palanques da campanha de 2010, digam assim, com todas as letras: o Serra vai privatizar a Petrobrás.

Paulo Henrique Amorim


Longe de ser partidário do PT ou de Lula, mas o que se ver claramente é o quanto o PSDB é um partido compromissado com os interesses empresáriais. Querem vender o resto que não deu tempo de vender na jestão FHC,

Dilma vai processar a Folha (*).


A leitura da Carta Capital que chega hoje às bancas tem uma entrevista de Cynara Menezes e Sergio Lírio com a ministra Dilma Rousseff: “A Ministra tranquila”.

. Sobre a fraude da Folha (*), que publicou a ficha policial falsa da Ministra com a intenção de associá-la a um sequestro que não houve, Dilma Rousseff diz:

“Não, não estou satisfeita (com a decisão da Folha (*) considerar o fato encerrado). Contratei laudo para comprovar se aquela ficha é falsa ou verdadeira. Vou enviar o resultado à direção da Folha (*) e ver o que fazem …”

“No calor dos acontecimentos, comportei-me de forma tranquila, mas hoje acho estarrecedor a atitude da Folha (*), o silêncio da Folha (*). Para mim, é absolutamente injustificado. Mas, se alguém supõe que a ditadura foi branda pode também não achar grave publicar uma ficha falsa.”

“Vou tomar as providências para que isso não se repita.”

. Ou seja, Dilma Rousseff vai processar a Folha (*).

. Tomara que feche a Folha (*);

. E São Paulo se sirva (?) de um único jornal legitimamente conservador, elitista, separatista e golpista, como o Estadão.

. Basta um.

. Esse processo de Dilma vai separar, desde já, os candidatos a Presidente em 2010.

. De um lado, Dilma Rousseff, de outro o governador de (e tudo para) São Paulo, o Zé Pedágio.

. A Dilma processa o jornal que diz que a ditadura foi branda.

. Do outro, Zé Pedágio, que a Folha (*), especialmente a seção “Painel”, o trata com especial deferência.

. A Folha publica até artigo de Zé Pedágio contra o racismo !!!

. E o pau comendo na Zona Leste !

. 2010 começa na Folha (*) !

. E acabará como já se sabe: no mano-a-mano, Dilma ganha do Zé Pedágio no primeiro turno.

. O Vesgo do Pânico tem mais chance de ser Presidente do Brasil do que o presidente eleito Zé Pedágio.

Paulo Henrique Amorim

Em tempo: nesta mesma entrevista, Dilma fala da herança (**) que Fernando Henrique deixou a Lula: “A inflação estava acima de dois dígitos. Tínhamos apenas 30 bilhões de dólares em reservas, dos quais 14 eram do FMI. A dívida liquida representava 52% do PiB”. E ainda pagam US$ 50 mil para ouvir palestra dele …


(*) Folha – é o jornal que disse a “ditadura” foi “branda”, fraudou uma ficha policial falsa de Dilma Rousseff e, nos anos militares, emprestava os carros de reportagens aos torturadores.

(**) A mais trágica herança de Fernando Henrique Cardoso, o Farol de Alexandria, foi nomear Gilmar Dantas (***) para o Supremo


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Dilma não pe nenhuma santa, sua articulação para aprovar a união entre as duas maiores telefonias do país e assim instaurar o monopólio do telefone me decepcionou. Agora o que a Folha é algo para ser combatido sempre. Um belo processo e a causa ganha, faz com que esse jornalco pense duas vezes antes de mentir e ainda servirá de exemplo para a Veja.

"O PSDB não gosta da Petrobras. Nem do Brasil"

Maior e talvez mais emblemática empresa brasileira, a Petrobrás começa 2009 da mesma maneira que terminara 2008, isto é, no centro dos mais importantes, e acalorados, debates nacionais. Acusações de má gestão, empréstimos questionados, pesadíssimo jogo de influência nos corredores políticos em torno do marco regulatório petroleiro foram todos pontos respondidos por Fernando Siqueira, novo presidente da AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobrás), em entrevista concedida ao Correio da Cidadania.

Explicando serem de rotina os empréstimos tomados no final do ano passado, Siqueira alerta para uma nova campanha de desmoralização da empresa diante do público, o que seria estratégico para os setores interessados na manutenção do atual marco regulatório do petróleo.

No entanto, não referenda completamente a gestão da empresa, como, por exemplo, no que se refere à situação de alguns funcionários, especialmente terceirizados, que trabalham sob condições precárias (foram 15 mortes em 2008). Tal deterioração de sua infraestrutura, aliás, poderia não ser mera coincidência em meio às descobertas do pré-sal e à grande interrogação nacional sobre quem exercerá o controle dessa fortuna não renovável.

Correio da Cidadania: No último mês de 2008, vieram a público informações a respeito de empréstimos que a Petrobrás vem tomando da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. Os comentários acerca do tema são exageros e tais operações podem ser consideradas rotina de uma empresa de tal porte. Ou será que há sinais de que a estatal estaria passando por dificuldades em suas contas?

Fernando Siqueira: A meu ver, todo este estardalhaço do noticiário faz parte de uma nova campanha de descrédito da Petrobrás perante a opinião pública, visando a desacreditá-la como capaz de desenvolver a produção do pré-sal, uma descoberta monumental, que tem reservas seis vezes maiores que as existentes até hoje. Já vimos esse filme...

Em 1995, houve forte participação da mídia na defesa da quebra do Monopólio Estatal do Petróleo. Foi montada uma campanha sórdida na mídia contra as estatais em geral e a Petrobrás em especial. A Veja, por exemplo, na ocasião fez uma matéria de dez páginas atacando a empresa com informações absurdamente falaciosas e não respeitou o direito de resposta nem mesmo como matéria paga, desrespeitando o artigo 5º da Constituição.

No caso presente, essas operações financeiras são feitas como de rotina, mas receberam um destaque na mídia muito maior do que, por exemplo, o caso da americana AES, que na privatização adquiriu a Eletropaulo com dinheiro do BNDES, remeteu lucro para o exterior e não pagou a dívida com o Banco.

Portanto, é uma operação de rotina da Petrobrás usada como pretexto para uma nova campanha da grande mídia que faz o jogo dos seus anunciantes, ou seja, as corporações multinacionais.

Outro fato: em 1999, FHC substituiu seis diretores da Petrobrás no Conselho de Administração (CA) por seis conselheiros do setor privado, alguns representantes do sistema financeiro internacional, ficando o CA com nove membros externos. Este CA decidiu por uma economia forçada na empresa, cortando promoções e até despesas com papel higiênico. Objetivo: tentar mostrar ao povo que a empresa está com dificuldades financeiras e não pode conduzir o pré-sal.

CC: A partir dos empréstimos, começou a se aventar que na verdade o problema da Petrobrás é administrativo, pois foram anos colhendo grandes lucros, com importantes negócios inclusive fora do país. Esse raciocínio pode ser considerado válido?

FS: Eu não diria que a atual administração tem a competência ideal, pois além da permanência da maioria do segundo escalão do governo FHC, há alguns gerentes nomeados mais por militância do que por competência. Mas, ainda assim, ela consegue ser muito melhor do que as administrações de Reichstul e Francisco Gros.

Durante a gestão Reichstul, a Petrobrás teve 62 acidentes sérios em dois anos, contra uma série histórica de menos de um acidente grave por ano de 1975 a 1998. Este fato, inclusive, nos levou a suspeitar de sabotagem para jogar a opinião pública contra a Petrobrás. E, a partir de nossas denúncias, os acidentes cessaram. O objetivo era desmoralizar a empresa para desnacionalizá-la. Reichstul chegou a mudar seu nome para Petrobrax com esse objetivo. Ele também desmontou a equipe de planejamento estratégico da Petrobrás, entregando-o à empresa americana Arthur De Little, presidida por seu amigo Paulo Absten. E esta fez um planejamento catastrófico. Definiu a ida para o exterior e a compra de ativos podres na Bolívia, Argentina e Equador como problemas. Ele dividiu a Petrobrás em 40 unidades de negócio para desnacionalizá-la, conforme preconizado pelo Credit Suisse First Boston.

Francisco Gros, segundo sua biografia publicada em revista da Fundação Getulio Vargas, voltou ao Brasil como diretor do banco Morgan Stanley com a missão de assessorar as empresas americanas no processo de privatização brasileiro. Gros foi para a diretoria do BNDES (que comandou o processo) e acumulava a direção daquele banco com o Conselho de Administração da Petrobrás. Com a saída de Reichstul, ele assumiu a presidência da empresa e, em discurso em Houston (EUA), logo após a posse, declarou que a Petrobrás passaria de empresa estatal para empresa privada de capital internacional. Nós barramos esse seu intento. Mas outro grande estrago foi feito.

CC: Quanto aos acidentes, o ano começou com o surgimento de outro tema preocupante: a morte de um funcionário, terceirizado, na Bacia de Campos. Desde 95, são 273 mortes, sendo 220 de pessoas ligadas a empresas prestadoras de serviços; em 2008, foram 15 os acidentes fatais. O que pode ser dito desses números e das condições de trabalho dos funcionários, especialmente daqueles que realizam as tarefas de maior margem de risco?

FS: A terceirização é outro problema sério. Faz parte do plano de ataque à integridade da Petrobrás. Além disto, é uma exploração da mão-de-obra de pessoas que, em sua maioria, são usadas para dar lucro a gigolôs de mão-de-obra. Essas pessoas não têm a menor garantia, como encargos sociais, treinamento ou planos de saúde. De modo geral, são contratados via cooperativa ou são obrigados a criar uma empresa para que os encargos sociais e impostos sejam reduzidos.

Lembro que quando o Credit Suisse First Boston coordenou a venda da YPF argentina para a Repsol, antes da privatização, a YPF passou de 37.000 para 7.000 empregados, contratando os demitidos como terceirizados. O mesmo banco entregou ao governo Collor um plano de privatização da Petrobrás. Consistia em vender as subsidiárias e dividir a holding em novas subsidiárias para privatização. Terceirizar era parte do plano.

Collor começou o processo. Itamar Franco, nacionalista, o interrompeu, mas FHC o retomou, tendo elaborado projeto de lei que cria subsidiárias sem ouvir o Congresso e dividido a Petrobrás em 40 unidades de negócio para transformá-las em subsidiárias e privatizá-las. Começou com a Refap do Rio Grande do Sul e pretendia fazer o mesmo com as demais 39 unidades. Parou porque, junto com os dirigentes do Sindipetro-RS, ganhamos uma liminar que suspendeu o processo.

CC: O desligamento do instituto Ethos, pedido pela Petrobrás no final do ano passado, acabou gerando muitas críticas à empresa, que por sua vez também saiu disparando contra os governos de São Paulo e Minas, acusando-os de conspirar contra a imagem da estatal. Ter adiado a adequação do combustível aos padrões ambientais exigidos não consiste em uma atitude negativa para a imagem da empresa?

FS: Há informações da própria Petrobrás de que o Instituto Ethos fazia uma campanha insidiosa contra a empresa. Dizia, por exemplo, que a poluição da cidade de São Paulo era devida ao teor de enxofre no diesel, o que não procede. A poluição é formada por poeira, ozônio e outras partículas. Muito pouco tem a ver com enxofre.

Diz a empresa: `O diretor da Petrobrás classificou de `desinformada e irreal` a crítica de que a empresa não teria se preparado para fornecer o diesel S-50`. Ele destacou os investimentos realizados nas refinarias, no total de US$ 4 bilhões, que permitirão à empresa produzir o diesel. Atualmente, o produto está sendo importado. O diretor ressaltou que somente o fornecimento de um diesel menos poluente não será suficiente para resolver os problemas de qualidade do ar das grandes cidades. Ele chamou atenção para a presença de veículos antigos na frota brasileira, além do tráfego elevado nas grandes cidades, como elementos que devem ser levados em conta. `Não basta só o combustível`, afirmou.

Outra questão é que o Instituto alegava que a Petrobrás não cumpria a resolução 315 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) que regulava o teor de enxofre; segundo a empresa, não existe uma resolução do Conama que regule o índice de enxofre no diesel.

`A Procuradora do Ministério Público Federal (MPF), Ana Cristina Bandeira Lins, destacou a iniciativa da Petrobrás em cumprir o acordo com o MPF. Ela esclareceu que a resolução 315 do Conselho Nacional do Meio Ambiente regulamentava as emissões nos veículos com tecnologia P-6, que não estarão disponíveis no mercado brasileiro`.

Lembro que a gestão do PSDB governando o país foi responsável pela quebra do monopólio do petróleo, pela venda de 36% das ações da Petrobrás na Bolsa de Nova York por menos de 10% do seu valor real. Elaborou o projeto de lei e fez com que o Congresso aprovasse a famigerada lei do petróleo (a Lei 9478/97) que contraria a Constituição, dando a propriedade do petróleo a quem o produz. Além disto, fixou a participação da União na produção de petróleo entre 10 e 40%, quando no mundo os países exportadores recebem a média de 84% de participação e os da OPEP, 90%.

O governo do PSDB vendeu a Vale do Rio Doce por valor menor do que um milésimo do valor dos ativos e direitos minerários que ela detinha. Ou seja, o PSDB não gosta da Petrobrás. Nem do Brasil.

CC: Quais são as projeções de investimento para 2009, em meio à queda do preço do petróleo e às expectativas quanto ao pré-sal?

FS: Segundo o presidente Gabrielli, em entrevista ao portal G1, de 22/12/2008, os investimentos de 2009 crescerão de R$ 50 bilhões para R$ 72 bilhões. Entretanto, o planejamento estratégico da empresa, que inclui o pré-sal, ainda não foi fechado, tendo sido adiado para o final de janeiro. A queda atual do petróleo é temporária. O viés é de alta, em face de estarmos atingindo o pico de produção mundial.

Acho até que a atual crise mundial foi triplamente oportuna para os EUA:

1) o dólar estava despencando mundialmente, pois todos os países descobriram que, após a decisão unilateral de Nixon em 71, desobrigando o lastro-ouro para cada dólar emitido, havia US$ 3 trilhões emitidos; e foram emitidos mais 45 trilhões após 71, sem qualquer garantia. A débâcle do dólar quebraria o país (os emitentes de dólar são o Banco Central americano - o FED - e suas 12 filiais – todas privadas). A crise levou os investidores para os títulos do tesouro americano, ressuscitando o dólar;

2) Os EUA importam cerca de 5 bilhões de barris de petróleo por ano. A crise derrubou o preço do barril dando um enorme alívio à sua economia;

3) Os EUA estão montando um esquema de pressão e lobby para obter o pré-sal, tendo até reativado a 4ª frota. Com a queda brutal dos preços esse trabalho fica mais fácil, porque os brasileiros passam a achar o pré-sal inviável e reduzem o interesse e a mobilização em defesa dessa imensa riqueza, cada vez mais estratégica e mais escassa.

CC: Um assunto que parece ainda inevitável para este ano é o que se refere ao atual marco regulatório do petróleo. Será necessária a mobilização popular contra o lobby em favor dos estrangeiros ou o governo poderá dar conta de realizar as alterações desejadas pelos setores mais nacionalistas e prometidas pelo próprio Lula sem essa mobilização?

FS: O governo precisa muito da participação popular na defesa do nosso petróleo. Ele vem sofrendo pressões terríveis contra a mudança do marco regulatório, altamente pernicioso para o país. Há duas fontes poderosíssimas comandando esse lobby:

1) Os Estados Unidos, que consomem cerca de 10 bilhões de barris por ano e só têm 29 bilhões de reservas. O pré-sal representa para eles cerca de 9 anos de consumo;

2) O cartel internacional do petróleo, formado pelas sete irmãs, e que domina o setor há 150 anos com todo tipo de ações pouco recomendáveis, como suborno, deposição e assassinato. Agora esse cartel está vendo ameaçada sua sobrevivência pelo fato de suas reservas minguarem para apenas 3% das reservas mundiais, contra 65% em poder das 8 `irmãs` estatais: Saudi Aramco (Arábia Saudita), INOC (Irã), Petrochina, Petronas (Malásia), Gazprom (Rússia – renacionalizada), Petrobrás, PDVSA (Venezuela) e Pemex (México). O Financial Times publicou matéria que prevê menos de 5 anos de vida ao cartel se a situação de suas reservas permanecer assim. Eles não vão aceitar esta morte facilmente.

Há, portanto, um lobby pesado pela manutenção do marco regulatório, que favorece muito os EUA e o cartel das irmãs. Ocorreram quatro audiências públicas e seminários no Senado Federal em 2008. Cada um com cerca de cinco mesas. Cada mesa com pelo menos dois lobistas. Estavam lá nomes como: João Carlos de Luca, presidente da Repsol (empresa espanhola adquirida pelo banco Santander - braço do Scotland National Bank Corporation, de capital Anglo-Saxão); David Zilberstajn - ex-diretor da ANP, que iniciou os leilões dotando os blocos de áreas 220 vezes maiores que os blocos licitados no Golfo do México; Eloi Fernandes, idem a Zilberstajn; Adriano Pires, lobista do Instituto Liberal, criado pela Shell para ajudar a derrubar o monopólio do petróleo; Jean Paul Prates, idem a Adriano. E muitos outros.

Nós enviamos uma carta ao Senado reclamando nossa participação como contraditório. Numa das audiências nos concederam cinco minutos para falar. O lobby é poderoso.

Gabriel Brito é jornalista; Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania.

Publicado originalmente: (Correio da Cidadania - 20-Jan-2009)



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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Homenagem a Henfil

"rapazes, achei o inimigo. O inimigo somos nós"


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O inacreditável Globo

Hoje o jornal O Globo estampa uma enorme foto de Lula com manifestantes com a manchete:

“Lula enfrenta protesto”; abaixo da foto a frase “Lula discute com manifestantes”


Mas na verdade, eles estavam gritando “Lula eu te amo”. Está na matéria da página 4, pois a manifestação era contra o governo do DF.

Lula surpreende manifestantes

Presidente quebra protocolo e ‘ganha’ grupo que protestava

Luiza Damé

BRASÍLIA. Quase dois meses depois de ter passado a despachar no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a quebrar o protocolo.

Ele enfrentou ontem a primeira manifestação em seu novo local de trabalho, mais vulnerável que o Palácio do Planalto. Para desespero dos seguranças, Lula mandou parar o carro e desceu para conversar com os manifestantes, que desejam negociar diretamente com o governo federal, sem passar pela administração do Distrito Federal, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

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Holocausto: o papa errou na visita a Israel ?


Discurso do papa Bento XVI em Jerusalém causa polêmica. As referências do papa ao holocausto judeu foram consideradas “frias” e “abstratas” pelo rabino Meir Lau, presidente do Memorial do Holocausto de Israel e sobrevivente dos campos de extermínio alemães, informa a agência Reuters.

O rabino criticou a ausência de citações aos nazistas na fala do pontífice, bem como a referência a vítimas que “foram mortas”, no lugar de “assassinadas”. Nesta terça-feira, o presidente do Parlamento israelense, Reuven Rivlin, do partido direitista Likud, confirmou em entrevista de rádio que preferiu não ir à cerimônia de recepção ao papa, que visita o Oriente Médio.

Veja a declaração de Bento XVI diante do memorial do holocausto:

“Que os nomes dessas vítimas não morram. Que seus sofrimentos nunca sejam negados, esquecidos ou desmerecidos. Que toda pessoa de boa vontade vigie para erradicar do coração dos simples homens tudo o que conduzir a tragédias similares”.

E veja o que diz o presidente do Parlamento, Reuvin Rivlin:

“Não fui ao Memorial para ouvir uma descrição de história do Papa sobre os fatos comprovados do Holocausto, mas com a esperança de que pediria perdão por nossa tragédia, devida principalmente a alemães e à Igreja. Infelizmente, não houve nada disso”.

Quem tem razão?


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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Desculpem a moléstia

Eduardo Galeano

Quero compartilhar com vocês algumas perguntas, moscas que zumbem na minha cabeça:

O sapatista do Iraque, o que jogou os sapatos contra Bush, foi condenado a três anos de prisão. Não merecia, na verdade, uma condecoração?

Quem é o terrorista? O sapatista ou o sapateado? Não é culpado de terrorismo o serial killer que, mentindo, inventou a guerra do Iraque, assassinou a um montão de gente, legalizou a tortura e mandou aplicá-la?

São culpados os habitantes de Atenco, no México, ou os indígenas mapuches do Chile, ou os kekchies da Guatemala, ou os camponeses sem terra do Brasil, todos acusados de terrorismo por defenderem seu direito à terra? Se sagrada é a terra, mesmo se a lei não o diga, não são sagrados também os que a defendem?

Segundo a revista Foreign Policy, a Somália é o lugar mais perigoso do mundo. Mas quem são os piratas? Os mortos de fome que assaltam navios ou os especuladores de Wall Street, que há anos assaltam o mundo e agora recebem multimilionárias recompensas por suas atividades?

Porque o mundo premia os que o saqueiam?

Por que a justiça é cega de um único olho? Wal Mart, a empresa mais poderosa de todas, proíbe os sindicatos. McDonald’s, também. Por que estas empresa violam, com delinqüente impunidade, a lei internacional? Será que é por que no mundo do nosso tempo o trabalho vale menos do que o lixo e valem menos ainda os direitos dos trabalhadores?

Quem são os justos e quem são os injustos? Se a justiça internacional realmente existe, por que não julga nunca aos poderosos? Não são presos os autores dos mais ferozes massacres? Será que é porque são eles que têm as chaves das prisões?

Por que são intocáveis as cinco potências que tem direito de veto nas Nações Unidas? Esse direito tem origem divina? Velam pela paz os que fazem o negócio da guerra? É justo que a paz mundial esteja a cargo das cinco potências que são as cinco principais produtoras de armas? Sem desprezar os narcotraficantes, este também não é um caso de “crime organizado”?

Mas não demandam castigo contra os senhores do mundo os clamores dos que exigem, em todos os lugares, a pena de morte. Só faltava isso. Os clamores clamam contra os assassinos que usam navalhas, não contra os que usam mísseis.

E a gente se pergunta: já que esses justiceiros estão tão loucos de vontade de matar, por que não exigem a pena de morte contra a injustiça social? É justo um mundo em que a cada minuto destina três milhões de dólares aos gastos militares, enquanto a cada minuto morrem quinze crianças por fome ou doença curável? Contra quem se arma, até os dentes, a chamada comunidade internacional? Contra a pobreza ou contra os pobres?

Por que os adeptos fervorosos da pena de morte não exigem a pena de morte contra os valores da sociedade de consumo, que cotidianamente atentam contra a segurança pública? Ou por acaso não convida ao crime o bombardeio de publicidade que aturde a milhões e milhões de jovens desempregados ou mal pagos, repetindo para eles dia e noite que ser é ter, ter um automóvel, ter sapatos de marca, ter, ter, e que, quem não tem, não é?

E por que não se implanta a pena de morte contra a pena de morte? O mundo está organizado a serviço da morte. Ou não fabrica a morte a industria militar, que devora a maior parte dos nossos recursos e boa parte das nossas energias? Os senhores do mundo só condenam a violência quando são outros os que a exercem. E este monopólio da violência se traduz em um fato inexplicável para os extraterrestres e também insuportável para os terrestres que ainda queremos, contra toda evidência, sobreviver: os humanos somos os únicos especializados no extermínio mútuo e desenvolvemos uma tecnologia da destruição que está aniquilando, de passagem, ao planeta e a todos os seus habitantes.

Esta tecnologia se alimenta do medo. É o medo que fabrica os inimigos que justificam o desperdício militar e policial. E em vias de implantar a pena de morte, que tal se condenamos à morte o medo? Não seria saudável acabar com essa ditadura universal dos assustadores profissionais? Os semeadores de pânico nos condenam à solidão, nos proíbem a solidariedade: salve-se quem puder, destruam-se uns aos outros, o próximo é sempre um perigo que se aproxima, olho, cuidado, esse cara vai te roubar, aquele vai te violar, este carrinho de nenê esconde bomba muçulmana e se essa mulher te olha, essa vizinha de aspecto inocente, certamente vai te contagiar com a gripe suína.

No mundo de cabeça para baixo, dão medo até os mais elementares atos de justiça e de bom senso. Quando o presidente Evo Morales começou a refundação da Bolívia, para que esse país de maioria indígena, deixasse de ter vergonha de olhar no espelho, provocou pânico. Este desafio era catastrófico do ponto de vista da ordem racista tradicional, que dizia que era a unida ordem possível. Evo era, trazia o caos e a violência e por sua culpa a unidade nacional ia explodir em pedaços. E quando o presidente equatoriano Rafael Correa anunciou que se negava a pagar as dívidas não legítimas, a noticia produziu terror no mundo financeiro e o Equador foi ameaçado com terríveis castigos, por estar dando um tão mau exemplo. Se as ditaduras militares e os políticos ladrões foram sempre mimados pelos bancos internacionais, não nos acostumamos já a aceitar como fatalidade do destino que o povo pague o garrote que o golpeia e a cobiça que o saqueia?

Mas será que se divorciaram para sempre o bom senso e a justiça? Não nasceram para andar juntos, bem pegadinhos, o bom senso e a justiça?
Não é de bom senso, e também de justiça, esse lema das feministas que dizem que se nós, os machos, ficássemos grávidos, o aborto seria livre? Por que não se legaliza o direito ao aborto? Será por que então deixaria de ser o privilegio das mulheres que podem pagá-lo e dos médicos que podem cobrá-lo?

O mesmo acontece com outro escandaloso caso de negação da justiça e do bom senso: por que não se legalizam as drogas? Por acaso não se trata, como no caso do aborto, uma questão de saúde publica? E o país que tem mais drogados, que autoridade moral tem, que autoridade moral tem para condenar os que abastecem sua demanda? E por que os grandes meios de comunicação, tão consagrados à guerra contra o flagelo da droga, não dizem nunca que provém do Afeganistão quase toda a heroína que se consome no mundo? Quem manda no Afeganistão? Não é esse um país ocupado militarmente pelo pais messiânico que se atribui a missão de salvar a todos nós?

Por que não se legalizam as drogas pura e simplesmente? Não será por que elas dão o melhor pretexto para as invasões militares, além de brindar os mais suculentos lucros aos bancos que de noite trabalham como lavanderias?

Agora o mundo está triste porque se vendem menos carros. Uma das conseqüências da crise mundial é a queda da próspera indústria automobilística. Se tivéssemos algum resto de bom senso e um pouquinho de sentido de justiça, não teríamos que celebrar essa boa noticia? Ou por acaso a diminuição de automóveis não é uma boa noticia, do ponto de vista da natureza, que estará um pouquinho menos envenenada e dos pedestres, que morrerão um pouco menos?

Segundo Lewis Carroll, a Rainha explicou a Alice como funciona a justiça no país das maravilhas:

- Ai você tem – disse a Rainha. Está presa cumprindo sua condenação, mas o processo só vai começar na segunda-feira. E, claro, o crime será cometido no final.

Em El Salvador, o arcebispo Oscar Arnulfo Romero comprovou que a justiça, como a serpente, só morde os descalços. Ele morreu baleado, por denunciar que no seu país os descalços nasciam condenados de antemão, pelo delito de nascimento.

O resultado das recentes eleições em El Salvador não é de alguma forma uma homenagem? Uma homenagem ao arcebispo Romero e aos milhares que como ele morreram lutando por uma justiça justa no reino da injustiça?
Às vezes acabam mal as historias da História, mas ela, a História, não acaba. Quando diz adeus, está dizendo até logo.

Tradução: Emir Sader


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segunda-feira, 4 de maio de 2009

A histeria da direita com a visita de Ahmadinejad


A julgar pelos gritinhos da República Morumbi-Leblon, pareceria que o Brasil nunca recebeu a visita do chefe de um estado autoritário. A julgar pelos videozinhos, você imaginaria que somente líderes de democracias tolerantes e liberais têm permissão de visitar o Brasil. É curioso que pessoas que não deram um pio acerca do inominável massacre israelense em Gaza venham agora posar de defensores dos direitos das mulheres iranianas. Não me consta, aliás, que alguém nessa turma tenha dito nada quando o Brasil recebeu a visita de Bush, responsável por uma guerra baseada em mentiras, pela adoção da tortura como política de estado, pelo campo de concentração de Guantánamo, pela morte de centenas de milhares de iraquianos.

Quando você vir alguém dessa turminha dizendo que Ahmadinejad propõe a exterminação dos judeus, faça algo muito simples: peça o link. Pergunte qual é a fonte. Pergunte quem traduziu o texto do persa. Porque o líder iraniano jamais disse isso. O que ele disse foi: "o regime que ocupa Jerusalém (een rezhim-e ishghalgar-e qods) deve ser apagado da página do tempo (bayad az safheh-ye ruzgar mahv shavad)." A tradução é de um dos maiores especialistas em Oriente Médio da contemporaneidade, Juan Cole, confirmada por dois outros tradutores do persa. Leia a entrevista de Ahmadinejad e confira você mesmo. Sobrando um tempinho, assista ao vídeo da palestra de Ahmadinejad em Columbia University, cujo presidente o recebeu com uma grosseria que até hoje envergonha a nós, acadêmicos americanos.

Suponho não ser necessário esclarecer que eu acho muita coisa no discurso de Ahmadinejad absolutamente repugnante, especialmente as declarações sobre o homossexualismo. Não defendo o que ele diz. Mas há que se corrigir as mentiras. A calúnia de que Ahmadinejad ameaçou “varrer Israel do mapa” -- e, a partir daí, a afirmativa mais delirante ainda de que ele propõe a exterminação de judeus – tem uma longa história, que se remonta a uma tradução manipulada do New York Times. É, meu chapa, quando se trata de Oriente Médio e do lobby pró-ocupação israelense, até as traduções devem ser minuciosamente revisadas.

Não custa lembrar, claro, que o Irã não invadiu país nenhum. O Irã não tem uma história de agressão contra seus vizinhos. Na guerra Irã-Iraque, o agredido foi ele, na época em que o depois demonizado Saddam Hussein era amiguinho de Donald Rumsfeld. Sim, é evidente que a situação dos direitos humanos no Irã é grave. Ela é quase tão grave como a situação na Arábia Saudita, país onde sequer existem eleições nacionais, mas cuja monarquia visita e faz polpudos negócios no Ocidente sem que se ouça um pio dos nossos preocupadíssimos democratas da República Morumbi-Leblon.

Qual é o país do Oriente Médio que ocupa ilegalmente terras de outrem há mais de quarenta anos, com uma história de sistemática agressão contra seus vizinhos e de desrespeito às resoluções das Nações Unidas? Qual é o país do Oriente Médio que infiltra espiões até mesmo no território de seu maior aliado? Não é o Irã.

Aceito debater o Irã com qualquer membro da República Morumbi-Leblon que me ofereça um ou dois parágrafos articulados acerca de como era mesmo maravilhosa a situação no país persa entre 1954 e 1979. Afinal de contas, a julgar pelos horrorizados chiliques, você imaginaria que antes da Revolução Islâmica as coisas andavam muito bem por lá. Na verdade, a única vez em que o Irã esteve perto de chegar a um regime aberto e tolerante foi um pouco antes de 1954, quando a Frente Nacional de Mohammed Mossadeq nacionalizou a indústria do petróleo. Mossadeq logo depois removido por um golpe de estado preparado pela CIA, naquilo que Robert Fisk, em sua obra monumental, chamou de primeira operação americana desse tipo durante a Guerra Fria (pag. 99). Com sua implacável verve britânica, Fisk acrescenta: pelo menos nós nunca afirmamos que Mossadeq tinha armas de destruição em massa.

O golpe de 1954 inaugura um período caracterizado por Fisk como de “monarquia absoluta” do Xá, controlada pela sua temida polícia política que, ao custo de assassinatos, tortura e supressão da oposição, garantiu a estabilidade necessária para que se exportassem 24 bilhões de barris de petróleo nos 25 anos que se seguiriam. A Revolução Islâmica canalizou a revolta da população iraniana, num momento em que muita gente ainda sonhava com a possibilidade de uma esquerda nacionalista e secular no mundo árabe. Essa foi uma opção que existiu durante algum tempo, com Nasser e cia., mas que sucumbiu ante os golpes de estado e as invasões americanas, assim como as sistemáticas agressões israelenses – com o apoio dos mesmos direitecas que agora acusam os críticos do sionismo e do imperialismo de serem cúmplices do bicho-papão islâmico.

Eu me pergunto se esses direitecas que histericamente gritam que Ahmadinejad quer “aniquilar” Israel sabem que o presidente do Irã sequer é o comandante-em-chefe das Forças Armadas do país. Quem tiver curiosidade arqueológica, que consulte a grande imprensa americana entre, digamos, 1998 e 2002. Naquele período, em que o reformista moderado Mohammad Khatami dava declarações de aproximação aos EUA e ao Ocidente, esses gestos eram descartados com o argumento de que o presidente do Irã não tem poder real – o mesmo fato do qual agora eles convenientemente se esquecem, para que possam apresentar Ahmadinejad como comedor de criancinhas.

Etiquetar Ahmadinejad como “ditador do Irã” é ridículo. Ele foi eleito. É verdade que sua vitória foi conquistada com os mesmos métodos de George Bush. Mas se quiserem entender o clima que possibilitou sua eleição, há que se estudar um pouco a enorme frustração dos setores jovens iranianos com Khatami, que tentou e tentou se aproximar do Ocidente, sendo sistematicamente rechaçado.

A tarefa da esquerda é dupla. Desmascarar a mentirada e a hipocrisia da República Morumbi-Leblon e do lobby pró-Israel ao mesmo tempo em que oferece solidariedade aos setores da sociedade civil que estão lutando no Irã – e também na Arábia Saudita! – contra regimes que são, sim, bastante opressivos. Há que se fazer um coisa sem perder de vista a outra. Mas a iniciativa de querer expulsar Ahmadinejad do Brasil, vinda de gente que recebeu Bush sem dar um pio, tem um só nome: hipocrisia.

Portanto, sem prejuízo nenhum ao meu apoio aos que, no Irã, lutam por uma democracia real, não posso deixar de retrucar: Bem vindo, Ahmadinejad. Tome sua cachacinha com Lula (sim, sim, sei que é proibido...), visite algumas das maravilhas desse que é um dos mais belos países do globo e não ligue para a meia dúzia que protesta. Estão em vergonhosa minoria. Já não sabem em que se agarrar. Na última eleição, o candidato deles não conseguiu sequer repetir no segundo turno a votação que havia tido no primeiro. É compreensível que estejam tão histéricos.

(*) Artigo publicado originalmente no blog O Biscoito Fino e a Massa.


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Eduardo Galeano: a linguagem, as coisas e seus nomes


Na era vitoriana era proibido fazer menção às calças na presença de uma senhorita. Hoje em dia, não fica bem dizer certas coisas perante a opinião pública:

O capitalismo exibe o nome artístico de economia de mercado;

O imperialismo se chama globalização;

As vítimas do imperialismo se chamam países em via de desenvolvimento, que é como chamar de meninos aos anões;

O oportunismo se chama pragmatismo;

A traição se chama realismo;

Os pobres se chamam carentes, ou carenciados, ou pessoas de escassos recursos;

A expulsão dos meninos pobres do sistema educativo é conhecida pelo nome de deserção escolar;

O direito do patrão de despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral;

A linguagem oficial reconhece os direitos das mulheres entre os direitos das minorias, como se a metade masculina da humanidade fosse a maioria;
em lugar de ditadura militar, se diz processo.

As torturas são chamadas de constrangimentos ilegais ou também pressões físicas e psicológicas;

Quando os ladrões são de boa família, não são ladrões, são cleoptomaníacos;

O saque dos fundos públicos pelos políticos corruptos atende ao nome de
enriquecimento ilícito;

Chamam-se acidentes os crimes cometidos pelos motoristas de automóveis;

Em vez de cego, se diz deficiente visual;

Um negro é um homem de cor;

Onde se diz longa e penosa enfermidade, deve-se ler câncer ou AIDS;

Mal súbito significa infarto;

Nunca se diz morte, mas desaparecimento físico;

Tampouco são mortos os seres humanos aniquilados nas operações militares: os mortos em batalha são baixas e os civis, que nada têm a ver com o peixe e sempre pagam o pato, danos colaterais;

Em 1995, quando das explosões nucleares da França no Pacífico Sul, o embaixador francês na Nova Zelândia declarou: “Não gosto da palavra bomba. Não são bombas. São artefatos que explodem”;

Chama-se Conviver alguns dos bandos assassinos da Colômbia, que agem sob proteção militar;

Dignidade era o nome de um dos campos de concentração da ditadura chilena e Liberdade o maior presídio da ditadura uruguaia;

Chama-se Paz e Justiça o grupo militar que, em 1997, matou pelas costas quarenta e cinco camponeses, quase todos mulheres e crianças, que rezavam numa igreja do povoado de Acteal, em Chiapas.

(Do livro De pernas pro ar, editora L&PM)


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