sábado, 31 de janeiro de 2009

Os 10 anos de Chávez - Segunda parte



Por Fábio Maisonavve

O PRESIDENTE Hugo Chávez acaba de ser derrotado no governo distrital de Caracas. Mau perdedor, decidiu esvaziá-lo. A canetadas, transferiu da administração local para a federal todos os hospitais e escolas e ainda arrebatou a TV Ávila, de alcance metropolitano. A Governadoria, totalmente pichada, foi atingida por disparos e dias atrás esteve bloqueada por militantes armados.

Na segunda-feira, Chávez completa dez anos como presidente -com a saída de cena do aliado Fidel Castro, já é o latino-americano há mais tempo no poder. E faz de tudo para ficar outros dez.

Pela segunda vez, mergulhou o país numa campanha para aprovar a reeleição indefinida em referendo. E seu principal inimigo, concluiu, são os estudantes universitários.

Enviado por: luisnassif

Esta notícia nos remete a dois fatos: primeiro mostrar que não nos devemos cegar na luta contra governos fantoches e apoiar incondicionalmente seus opositores, eles podem se tornar outros mostros. A segunda é que o povo está atento para isso e, engana-se que pensa que não. Chavez trouxe algumas boas transformações para a Venezuela, mas a alternância de poder é fundamental para o andamento da democracia. E o próprio povo venezuelano sabe disso. Entenda, eles não estão contra Chavez, e sim contra a reeleição initerrupta.




Os 10 anos de Chávez

Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil

Há dez anos, cerca de 4,8 milhões de venezuelanos viviam em situação de pobreza e a saúde e a educação eram um privilégio.

Desde que o presidente Hugo Chávez assumiu o governo, a área social passou a ser prioritária em sua gestão, que contou com o incremento dos preços do petróleo para o financiamento dos projetos sociais.

Até mesmo os críticos da política econômica do governo, cuja estrutura continua dependente fundamentalmente da exploração petrolífera, concordam que as condições de vida dos venezuelanos melhoraram sob a administração chavista.

“Os setores sociais antes marginalizados e excluídos, realmente saíram da pobreza crítica, estão melhor, ninguém pode negar isso. Os que não comiam nem o suficiente, agora estão comendo”, afirmou Domingo Maza Zavala, ex-diretor do Banco Central da Venezuela (BCV).
Enviado por: luisnassif

Isto é uma amostra das vitórias conquistadas por um país da América Latina após a ascensão de alguém não está alinhado com as super potências.


Dez anos depois, Brasil dá a volta por cima em Davos


Rolf Kuntz, enviado especial a Davos

Em 1999, o País enfrentava uma crise cambial e um novo surto de inflação

Depois de dez anos, a volta por cima: o Brasil pôde apresentar-se ontem, num almoço paralelo à reunião do Fórum Econômico Mundial, como “parte da solução, e não do problema”. Essas palavras foram ditas pelo executivo-chefe do Banco Itaú para a América Latina, Ricardo Villela Marino.

Como num jantar há dez anos, o governo brasileiro foi representado pelo ministro de Relações Exteriores. Em janeiro de 1999, no lugar de Celso Amorim, o chanceler era Luiz Felipe Lampreia. O real estava desvalorizado, o País enfrentava uma crise cambial e um novo surto de inflação parecia ameaçar as conquistas do ajuste implantado em 1994. A moeda brasileira, havia dito na véspera o secretário adjunto do Tesouro americano, Lawrence Summers, deixara de ser real para tornar-se virtual: real.com. A piada fez sucesso em Davos.

Desta vez, a crise começou nos Estados Unidos e manifestou-se pouco depois na Europa, sem poupar nem sequer os maiores bancos suíços. No Brasil, disse Villela Marino, não houve subprime nem excesso de risco nos empréstimos. Os padrões de segurança dos bancos brasileiros - relação entre capital e aplicações - excedem os padrões de Basileia, fixados pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS).

O presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, participou do almoço. Também discursou, e começou comparando os fundamentos macroeconômicos do Brasil e dos Estados Unidos, para afirmar a maior solidez das condições brasileiras. Há dez anos, num jantar em ambiente de velório, um empresário brasileiro pediu ao então ministro da Economia da Argentina Domingo Cavallo a receita para salvar o Brasil.

Cavallo atendeu com visível prazer e dissertou longamente sobre como o governo argentino havia encontrado a receita do crescimento com estabilidade. Três anos depois, a paridade imaginária entre o peso e o dólar seria rompida, de forma desastrosa, e o Tesouro argentino daria um calote histórico.

Naquela noite, o desastre mais visível era o do Brasil, atingido pelas ondas de choque da crise russa. Lampreia aguentou os desatinos durante um bom tempo, mas acabou perdendo a paciência e, com a polidez possível, enquadrou Cavallo e os empresários brasileiros deslumbrados.

Enviado por: luisnassif


As tensões sociais na Europa

Na França, Grécia e Espanha, no Reino Unido e no Leste Europeu, milhões de pessoas repudiam ajuda a bancos e pedem proteção contra demissões

Jamil Chade, GENEBRA

Milhões de pessoas tomaram as ruas das principais capitais europeias em protesto contra a crise econômica e as demissões em massa anunciadas nas últimas semanas. Na França, sindicatos calculam que 2,5 milhões de pessoas se reuniram ontem na maior manifestação dos últimos 20 anos no país. A greve foi a primeira realizada por causa da recessão em uma das maiores economias do mundo. No Reino Unido, Islândia, Bulgária e Grécia os protestos se proliferaram, provocando violência.

Enviado por: luisnassif

Quando os ricos perdem dinheiro, o governo os socorre, o mesmo governo que antes era considerado um problema para o capitalismo agora é a solução. E quem paga a conta? de onde vem o dinheiro do governo? quando a crise atinge a camada de cima da pirâmide, logo aparece dinheiro para salvá-los.




A hiperatividade de Sarkozy

Gilles Lapouge*

Uma greve em massa. Poderosa. Todas as centrais sindicais unidas, algo excepcional.Martine Aubry, a número um do Partido Socialista, participa das manifestações, o que nunca ocorreu. As cidades estão paralisadas.

Há 20 anos não se verificava um “colapso” social desse porte. Nicolas Sarkozy conseguiu nos rejuvenescer 20 anos.

No entanto, ele não é o responsável por essa greve. E no fundo, operários e funcionários sabem disso. O que eles querem expressar é o seu medo diante da perda do poder de compra e do desemprego. Ora, Sarkozy não tem nada a ver com isso e todos sabem. O caos é mundial.

Nasceu nos Estados Unidos. Tomou conta do planeta. Todos têm consciência desse fato, mas nas manifestações furiosas Sarkozy é que é vaiado.

Por que Sarkozy? O fato é que ele paga o preço da sua personalidade, do seu “narcisismo”, do seu comportamento grosseiro e seus erros na condução do país.

Enviado por: luisnassif

Esta matéria saiu na imprensa golpista e foi publicada por nassif. Como assim a culpa é da crise? me polpe, Sarkosy é um direitista que trata os trabalhadores como lixo, A França está em crise também por suas atitudes atrapalhadas e sua falta de pulso em lidar com os problemas da população. Quando esteve recentemente no Brasil a imprensa só falou de Carla Bruni, sua esposa-modelo. Um sujeito que disse que devemos esquecer maio de 68 para mim é apenas mais um títere dos poderosos.


Anistia Internacional cobra do Paraguai direitos indígenas

BELÉM – Há 12 anos, na região do Chaco, leste do Paraguai, mais de 1500 indígenas dos povos Sawhoyamaxa e Yakye Axa vivem em situação de extrema pobreza e vulnerabilidade. Em 1986, eles foram expulsos de suas terras originárias por fazendeiros que compraram propriedades do governo e, por não conseguirem se adaptar na região para onde foram deslocados, desde 1996 estão vivendo às margens de uma estrada. Os povos já obtiveram uma decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos favorável a seu pleito de retornar ao território original que ocupavam. O Estado do Paraguai, no entanto, segue descumprindo a sentença. Em março, a Anistia Internacional, uma das principais organizações de defesa dos direitos humanos em todo o mundo, lançará uma grande campanha global sobre a questão, cobrando das autoridades o cumprimento das determinações da Corte.

Para dar visibilidade ao tema e pedir o apoio da comunidade mundial, a Anistia Internacional trouxe quatro representantes dessas comunidades ao Fórum Social Mundial, em Belém. No ano passado, a organização soube do caso dos Sawhoyamaxas e Yakye Axas e, desde então, começou a trabalhar por suas reivindicações.

“Muitas comunidades indígenas estão lutando por seus direitos, mas há poucos casos como este, que obtiveram uma decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos”, explica Joanna Bernie, encarregada de campanhas para a América do Sul. “Há países esquecidos pelo mundo e o Paraguai é um deles. A mídia não está interessada no que passa lá. Esperamos ajudar a contar a história desses povos e, a partir desta experiência, atuar em casos semelhantes em outros países”, diz. Articulando outros Estados, a Anistia divulgará o caso nos espaços das Nações Unidas e no informe sobre o Paraguai que apresentará na próxima Assembléia da ONU.

Uma história de violações
Depois da guerra da tríplice aliança, 1870, o governo do Paraguai vendeu terras indígenas – com comunidades inteiras dentro – para recuperar recursos, pagar as contas do conflito e reconstruir o país A prática, comum no país, partia do princípio de que os povos indígenas não tinham direitos. Somente na constituição paraguaia de 1992 sua existência foi reconhecida.

”Agora, os filhos dessas gerações estão exigindo que se faça justiça, que também nos considerem parte desta sociedade. Durante todos os anos, o Estado paraguaio se negou a reconhecer a existência e o direito a uma vida digna para os indígenas. Isso levou nossas comunidades a perderem nossas terras”, acredita o jovem Eriberto Ayala, do povo Sawhoyamaxa.

No caso das duas comunidades que tiveram seus casos levados à Corte Interamericana, a situação é de total precariedade. As crianças que estão em idade de ir à escola não estão estudando. Muitas deixam a sala de aula para ajudar a família a conseguir comida. Às margens da rodovia, correm riscos de acidentes. Os homens que buscam trabalho nas fazendas são discriminados, porque são conhecidos como povos que se levantaram para defender seus direitos.

”Faltam medicamentos e o posto de saúde mais próximo fica a 100 quilômetros de distância. Sem dinheiro para chegar lá, não temos como receber assistência. Para comer, vamos aos montes buscar frutas ou saímos para pescar. Os homens saem para caçar ou coletar mel, ficando até 15 dias fora”, conta a indígena Gladis Benitez, que falou em guarani durante sua explanação no FSM. “Se não tivemos terra, não teremos como nos desenvolver, e isso nos afeta culturalmente”, diz.

Por isso, eles dependem muito da ajuda estatal para que recuperem um lugar para viver. Em 1996, as duas comunidades foram à justiça paraguaia. Como ali seus pleitos também foram negados, levaram o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, chegando à Corte regional. Em 2005, saem duas sentenças – uma relativa a cada comunidade – condenando o Estado paraguaio a devolver a terra para os indígenas e a garantir assistência médica e alimentar imediata, estabelecendo um prazo de três anos para o cumprimento total da ordem. As sentenças já venceram e seguem descumpridas. Em novembro passado, após a posse de Fernando Lugo, o Estado pediu a desapropriação do território para devolvê-lo às comunidades. Em março, a questão será discutida no Congresso paraguaio. Daí o lançamento da campanha pela Anistia Internacional, como forma de tentar evitar o bloqueio da oposição no parlamento nacional.

Em matéria de jurisprudência internacional, a Corte Interamericana deu ganho de causa apenas para três casos envolvendo indígenas, reconhecendo que Estados violaram o direito à vida, à propriedade e o acesso à justiça desses povos. Oficialmente, há 17 povos indígenas no Paraguai, representando 2% da população do país, o que totaliza 110 mil pessoas.

”O número, no entanto, é muito maior. Como a identidade étnica é estabelecida por autodefinição e os indígenas eram historicamente discriminados, ninguém se definia assim”, explica Ricardo Morimgo, da Tierra Viva, organização de direitos humanos que apóia os povos indígenas da região do Chaco. Hoje, mais de 60 mil deles não têm terra assegurada, vivendo na rua ou em assentamentos provisórios.

A vinda dos Sawhoyamaxa e Yakye Axa ao Fórum busca reverter essa realidade. Com receio de que as políticas do novo governo reproduzam as historicamente praticadas no país, eles estão muito convencidos de que, aqui, podem conseguir apoio internacional para que o Paraguai cumpra com suas obrigações assumidas perante o Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

”Pedimos ajuda porque em nosso país ninguém nos vê, somos invisíveis. Dizem que o chaco é nosso, dos povos indígenas, mas isso não é verdade”, critica Gladis. Caso o Estado paraguaio siga descumprindo a sentença, a Anistia Internacional pretende acionar países que possuem acordos econômicos bilaterais com Paraguai para que, sensibilizados, eles também ajudem a influenciar na decisão do governo federal. “O não cumprimento de uma sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos tem que ter um custo político para os governos, e talvez custo econômico. Vamos fazer o possível para mobilizar o maior apoio que conseguirmos”, concluiu Joanna Bernie. Sem dúvida, os Sawhoyamaxas e Yakye Axas vieram ao lugar certo.


Por que os presidentes vieram ao Fórum?


BELÉM - A quinta feira, 29, foi o principal dia do Fórum Social Mundial de 2009. Em um evento tradicionalmente fragmentado, difícil de ser coberto jornalisticamente, tal a multiplicidade de debates e encontros de qualidade, a síntese foi feita pela política. Pela grande política.

Três iniciativas de envergadura marcaram o dia e tornaram o encontro de Belém um marco da agenda política internacional. O primeiro foi a assembléia realizada à tarde entre os movimentos sociais e os presidentes da Venezuela, da Bolívia, do Paraguai e do Equador. O segundo, simultâneo, marcou a presença da ministra Dilma Rousseff e de várias dirigentes políticas do Brasil e do exterior. E a apoteose aconteceu no ato para 12 mil pessoas, com a presença de Lula e um bis de Hugo Chávez, Evo Morales, Fernando Lugo e Rafael Correa. Entre os dois atos com os chefes de Estado, aconteceu uma rápida reunião fechada entre eles, uma mini cúpula latinoamericana. É algo inédito no âmbito de um encontro de movimentos sociais de todo o planeta. Até mesmo a ex-candidata à presidente da França, Ségolène Royal, marcou presença em terras amazônicas. Veio para ouvir, ressaltou.

Melhores momentos
Foi um dos melhores momentos de todas as oito edições do FSM. Lula, que participou de quatro das iniciativas em Porto Alegre e marcou presença por duas vezes em Davos, decidiu não subir aos montes suíços neste ano. Mais do que ninguém, ele sabe do possível desgaste em associar sua imagem à parte dos financistas responsáveis pela crise econômica internacional.

Chávez, por sua vez, reconhece há muito a importância do evento ao qual compareceu por três vezes. Em 2003, acossado por um locaute petroleiro de dois meses que quase o derrubou, decidiu vir ao Fórum com o objetivo de ganhar legitimidade internacional para seu enfrentamento.

O que leva chefes de executivo a abrirem espaço em suas agendas para comparecerem a um encontro dessa natureza? Certamente votos é o que não vêm buscar. Mas procuram solidificar ou recompor vínculos objetivos e simbólicos com setores da sociedade que alicerçaram suas trajetórias e, em última análise, sustentam suas administrações. O caminho não é de mão única. O encontro ganha peso e densidade política internacional com isso.

Certas divergências organizativas ficaram para trás. Não se questiona mais uma suposta autonomia entre Estado e Fórum Social, em uma clara indicação que o debate em seu interior mudou de patamar, para melhor.

Disputa
Nem tudo é tranquilo, no entanto. As duas atividades desta quinta com os chefes de Estado envolveram uma disputa, estabelecida entre o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e o governo Lula. Descontentes com o que avaliam serem os poucos avanços da reforma agrária, os dirigentes do movimento decidiram não convidar o presidente brasileiro para a atividade do período da tarde.

Sua própria realização por pouco não fica comprometida pela absoluta falta de lugares disponíveis na capital paraense, nesses dias de grandes e pequenas plenárias. A saída foi buscar o auxílio do PSOL, que havia obtido a cessão de um ginásio universitário para uma plenária sindical. O partido abreviou suas atividades e com isso, cerca de 1,2 mil ativistas puderam participar de um encontro que expressa "um momento mágico da América Latina", segundo as palavras de Rafael Correa.

Diálogo
Em um diálogo inédito, os quatro mandatários ouviram previamente demandas de representantes dos movimentos, o que levou Morales a lembrar que "somos presidentes originários das lutas sociais continentais". O líder boliviano era o mais entusiasmado de todos. Acabara de vencer o plebiscito que aprovou por larga maioria a nova constituição do país, reduzindo o espaço institucional da oposição de direita.

Em sua intervenção, Fernando Lugo decidiu radicalizar. Afirmando desejar unificar as lutas regionais, ressaltou que isso não implica "abrir mão de nossos direitos". E emendou sua principal reivindicação: "Queremos o preço justo e a possibilidade de dispormos livremente de nossa energia. Lula não pode dizer não, pois o tratado foi firmado entre duas ditaduras".

O ex-bispo referia-se ao tratado de Itaipu, firmado em 1973 entre Brasil e Paraguai, que dá preferência ao primeiro na compra e na fixação dos preços do excedente energético paraguaio. "Queremos voltar conquistar a nossa dignidade e negociar de igual para igual. Enquanto não alcançarmos isso, nossa alma não terá paz". Mais tarde, na presença de Lula, Lugo faria um discurso mais moderado, não entrando em maiores polêmicas.

O encontro com Lula
À noite, cerca de 12 mil pessoas aglomeraram-se no Hangar, imenso salão de convenções, em atividade promovida pelo Ibase, pelo Instituto Paulo Freire e pela Central Única dos Trabalhadores. Telões ampliavam as imagens dos cinco dirigentes. As falas foram curtas e mais objetivas.

Chávez que se estendera por 53 minutos à tarde discursou por apenas 15. As ovações ao anúncio de seu nome só foram suplantadas quando Lula tomou a palavra para um discurso iniciado com uma homenagem aos mortos nas lutas pela democracia no continente. Pedindo a unidade das forças populares contra a crise, o brasileiro não buscou esconder diferenças. "É melhor ter divergências e sentar para conversar em torno de uma mesa do que fazer de conta que tudo está indo bem. Agora o jogo é o da verdade".

Eleições
João Pedro Stédile chegou a falar, no encontro com os movimentos populares, que as eleições não resolvem os problemas da região. "Se fosse assim, a Itália estaria muito bem", disse ele. Não é bem assim. Todos os mandatários latinoamericanos foram eleitos, reeleitos e referendados em seguidas consultas populares. Se a democracia real não conseguiu resolver os problemas, as soluções devem ser buscadas nas combinações de demandas sociais com o alargamento dos espaços institucionais. O próprio Fórum Social Mundial não existiria se governos democráticos não tivessem sido eleitos e investido dinheiro e estrutura em iniciativas desse tipo.

Nos tórridos dias de Belém, muitos se queixam de falhas na organização. É natural, mas tudo acaba se articulando. Davos, por sua vez, aparenta funcionar com a precisão dos outrora famosos relógios suíços. Mas a desorganização que suas diretrizes provocaram no mundo tem poucos paralelos na história recente...

Fotos: Eduardo Seidl

Você constumer ver nos países ai a fora presidentes que dialogam com o povo? eles fizeram isso, tem seus defeitos, é bem verdade, mas estão fazendo alguma coisa. e se você olha para diversos dados desde países após a sua entrada no poder, verá a mudança. Este é apenas um abrir de olhos, falta muita coisa, é preciso aplaudir seus bons atos, e ficar atentos caso hajam excessos.




Lula divulga balanço de 6 anos e defende Reforma Agrária

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nesta sexta-feira (30) um balanço das políticas de Reforma Agrária no Brasil entre 2003 e 2008, durante reunião com o Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, que contou com a participação do ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. Segundo esse balanço, o Brasil já contabiliza 43 milhões de hectares destinados à Reforma Agrária nos últimos seis anos, dado que, destacou Lula, “o transforma no país com a maior área de assentamentos em todo o mundo e que propicia a paulatina redução de conflitos agrários”. No referido período, foram assentadas 519.111 famílias e implantados 3.089 assentamentos pelo governo federal.

Também foram divulgados dados relativos a investimentos em infraestrutura e na melhoria das condições de vida da população rural. Desde 2003, foram erguidas 144 mil casas em assentamentos e outras 122,6 mil foram reformadas. Cerca de 37,8 mil quilômetros de estradas foram construídos ou recuperados para propiciar acesso às moradias e 287 mil assentados participaram do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). O presidente destacou a dimensão destes números aos integrantes do conselho do FSM: o Brasil destinou 80 milhões de hectares para a Reforma Agrária em sua história; 53% desse total nos últimos seis anos.

A partir desses números, o balanço traça algumas comparações com os processos de Reforma Agrária implementados em outros países. A China, ao longo de sua história, destinou 50 milhões de hectares para esse fim, sendo que a maior parte deu-se na década de 50. A Bolívia destinou 18 milhões de hectares e o México, 26 milhões (especialmente entre 1917 e 1940). Em 2008, destaca ainda o balanço, foram destinados 4,1 milhões de hectares à Reforma Agrária, com 70.157 famílias assentadas e 321 assentamentos implantados no país. Ao todo, cerca de R$ 740 milhões foram investidos em obtenção de terras e mais de 415 mil famílias assentadas receberam assistência técnica.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), por sua vez, investiu R$ 321 milhões em obras de infraestrutura básica, como estradas, abastecimento de água e saneamento. Segundo o governo, trata-se do maior orçamento nesta área desde 2003. Com o aumento do valor do crédito do Incra destinado a cada família assentada, foram investidos R$ 1,3 bilhão, beneficiando mais de 180 mil famílias, o maior valor da história, afirma ainda o balanço. O presidente brasileiro destacou também o recadastramento das propriedades rurais nos 36 municípios listados pelo Ministério do Meio Ambiente como campeões do desmatamento na região amazônica.

Outro programa que faz parte do balanço é o Territórios da Cidadania, ação interministerial que visa o combate à pobreza rural, as políticas da Reforma Agrária foram levadas para as regiões com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e menor dinamismo econômico. Um dos sinais de melhoras sociais resultantes desse conjunto de políticas, assinala o governo, foi a redução de cerca de 20% do número de ocupações de terra em 2008.

Na reunião com o conselho do FSM, Lula disse ainda que a principal ação do governo para enfrentar o problema do desmatamento e da violência na Amazônia é a regularização fundiária que ficará a cargo do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O ministro Guilherme Cassel afirmou que “quanto mais a pessoa se informa sobre os avanços da Reforma Agrária, mais cresce o sentimento de que estamos no caminho certo. “No mundo atual, nenhum país tem destinado tanta terra a quem não tem terra como o Brasil”. Em 2009, os recursos destinados à Reforma Agrária serão de R$ 4,6 bilhões (contra R$ 1,4 bilhão em 2003), informou o presidente do Incra, Rolf Hackbart.


Que fique bem claro uma coisa, Lula não é o salvador da prática, nem ignoro aqui as contestações ao seu governo, algumas são válidas sim, mas o que foi feito de bom precisa ser divulgado, para que todos saibam, que o que havia antes era bem pior.



Guantánamo, uma indecência de 110 anos


Por enquanto, só o que o governo do presidente Barack Obama ousou dizer sobre a baía de Guantánamo, extensa área do território cubano sob controle indecente dos EUA há 110 anos, foi a referência à mudança do status que lhe dera o antecessor George W. Bush, ao transformá-la em prisão infame e centro de tortura, chamada há três anos pela Anistia Internacional de "Gulag do nosso tempo".

Em cumprimento a promessas de campanha, Obama decidiu pela proibição da tortura e pelo fechamento da prisão - como também das demais prisões secretas da CIA (Agência Central de Espionagem) espalhadas pelo mundo, nas quais se terceirizava a prática da tortura. Mas Guantánamo é ainda uma indecência jurídica e uma relíquia colonial do império sonhado pelos EUA no século 19.

Ocupada pela força das armas, Guantánamo já então era intolerável. Ainda o é hoje. Os próprios americanos, por uma questão de dignidade e bom senso, há muito deviam tê-la devolvido como excrescência ofensiva não só ao povo cubano, cuja liberdade os EUA alegam defender, mas a toda a América Latina - já que impingida a partir de lei americana doméstica e abusiva, que tratava de destinação de verbas do Exército.

De olho em Cuba, desde 1824
A ocupação de Guantánamo data de 1898. Resultou de pacote intervencionista em meio à luta dos cubanos pela independência da Espanha, então potência colonial. Concebida em 1823, a Doutrina Monroe ("a América para os Americanos") pareceu a alguns oferecer uma face "virtuosa" dos EUA, por advertir nações de fora do hemisfério de que não deviam se imiscuir nas questões do continente.

Os latino-americanos logo perceberiam que se buscava apenas atender às próprias ambições dos EUA, cuja atenção voltava-se para Cuba e Porto Rico já em 1824. O então secretário de Estado John Quincy Adams, depois presidente (1825-1829), avisou Simón Bolívar de que a doutrina não autorizava "os fracos a serem insolentes com os fortes", motivo pelo qual devia ficar longe de Cuba e Porto Rico.

Ao preparar a I Conferência Pan-Americana, boicotada por Washington, Bolívar já não tinha ilusões: "Os EUA parecem destinados pela Providência a espalhar a miséria em nome da liberdade", disse em 1829. De fato, a truculência britânica nas Malvinas, Honduras, Guatemala fora ignorada, enquanto os EUA tomavam o Texas e a Califórnia do México, depois invadido, e separavam o Panamá da Colômbia, além de outras intervenções.

Cobiçada desde 1824, quase comprada por US$100 milhões em 1848, Cuba entrava ainda no contexto dos 10 anos de oposição dos EUA à federação centro-americana. Ante a iminente vitória de Cuba sobre a Espanha (e a esperada conquista da independência), as cadeias de jornais Hearst e Pulitzer inventaram a "esplêndida guerrinha" de Ted Roosevelt e seus Rough Riders, retratados como heróis.

A fala macia e o porrete de Ted
Porto Rico foi anexada como o Texas. Cuba resistiu. Acabou sob controle, com a alegação dos EUA de que tinham ajudado a guerra da independência. De 1898 em diante o Caribe virou mar territorial americano. Nascia o império colonial, que tinha ainda Filipinas e Guam, do outro lado do mundo. Festejado como herói, Ted Roosevelt elegeu-se vice do presidente William McKinley no ano seguinte, 1900.

A Emenda Teller, de 1898, negava expressamente qualquer intenção dos EUA de anexar Cuba. E em 1901 o senador Orville H. Platt, a pretexto de prevenir desejos imperiais da Alemanha sobre a ilha, redigiu a emenda à lei de verbas do Exército: proibia Cuba de assinar tratado dando poderes a outro país sobre seus negócios internos, endividar-se ou impedir ali um programa sanitário americano. E mais.

Na Emenda Platt os EUA arrogavam-se o direito de intervir nos assuntos internos de Cuba, a pretexto de "manter a ordem e a independência", podendo comprar ou arrendar áreas para instalar estações navais ou carboníferas. A principal delas era a baía de Guantánamo. No mesmo ano, Cuba foi forçada a incluir a emenda na sua Constituição e a assinar tratado assegurando o poder dos EUA sobre a área.

Obviamente os EUA - já sob Roosevelt, presidente a partir de 1901 devido ao assassinato de McKinley - deitaram e rolaram. Já em 1906 mandaram-se tropas, "a convite", para sufocar revolta e "restaurar a ordem". Enviavam navios de guerra, negavam reconhecimento de regimes, etc. Só em 1934 revogou-se afinal a Emenda Platt, graças à política da Boa Vizinhança. Mas não o arrendamento de Guantánamo.

Caloteiro e péssimo inquilino
A manutenção de Guantánamo, antes de virar prisão, já se elevava, por ano, a US$ 36 milhões. Servia para provocar Cuba, que repudia a transação ilegítima e imoral. O aluguel é o sonho de todo inquilino: fixado pelo próprio, em 90 anos (de 1903 a 1993) subiu apenas de US$ 2 mil para US$ 4.085. Nessa proporção, deve estar hoje nuns US$ 4.200, o que mal paga apartamento de dois quartos em Manhattan.

Arrogante e prepotente, o inquilino sempre impôs sua vontade como valentão de rua. Caloteiro, já que só paga o que quer, ainda controla a área e hostiliza o dono légitimo da propriedade. Cuba, ao contrário, comporta-se como o senhorio ideal: desde que Fidel Castro chegou ao poder, sequer desconta os cheques do aluguel. Teme que isso possa legitimar a indecência histórica imposta pelos EUA.

Há 16 anos, quando Bill Clinton chegou à Casa Branca, o escritor Tom Miller, autor do livro Trading With the Enemy: A Yankee Travels through Castro's Cuba, recordou no New York Times a história vergonhosa de Guantánamo - rebatizada no Pentágono, amante de sopa de letras, como Gitmo. Não se imaginava que ainda viria vergonha maior - a prisão-centro de torturas, obra de Bush II em 2001.

Antes de Fidel, a área pode ter sido a base ideal para o lazer de militares amantes de prostíbulos, cassinos e consumo de drogas - cortesia de gangsters como Meyer Lansky, à sombra dos ditadores apadrinhados em Washington. Talvez haja em Miami quem sonhe com a volta aos velhos tempos. Mas Obama, mesmo vencedor da Flórida, pode fazer a coisa certa: acabar com essa indecência de 110 anos.


Eis ai uma explicação para os que ainda hoje não sabiam como podia haver uma base americana em Cuba. A crítica do texto também está em tempo e também foi feita por Emir em seu blog. A atitude de Obama é louvável, mas ainda precisa devolver o território.



Por que a mídia privada não consegue ver o FSM?


Mais uma vez a mídia privada não consegue ver o FSM. Os leitores que dependerem dela ficarão sem saber o que acontece aqui em Belém. Por que? O que impede uma boa cobertura, se a riqueza de idéias, a diversidade de presenças, a força dos intercâmbios – como não se encontra em lugar algum do globo – estão todos aqui? Há jornalistas, algum espaço é dedicado pela imprensa ao evento, mas o fundamental passa despercebido.

O fundamental não tem preço – diz um dos lemas melhores do FSM. Enquanto o neoliberalismo e o seu reino do mercado tentam fazer com que tudo tenha preço, tudo se venda, tudo se compre, ao estilo shoping-center, o FSM se opôs desde o seu começo a isso, opondo os direitos de todos ao privilégio de quem tem poder de compra, incrementando sempre mais as desigualdades.

Um jornalista da FSP (Força Serra Presidente) se orgulha de ter ido a todos os Foros de Davos e, consequentemente, a nenhum Forum Social Mundial. A espetacular marcha de abertura do FSM retratada com belíssimas fotos por Carta Maior, foi inviabilizada pela mídia mercantil.

A cobertura se faz com a ótica com que essa imprensa se comporta, com os óculos escuros que a impedem de ver a realidade. O FSM, como tudo, é objeto das fofocas sobre eventuais desgastes do governo Lula – a obsessão dessa mídia. Não cobrem o dia do Forum PanAmazônico, não deram uma linha sobre o Forum da Mídia Alternativa, não ouvem os palestinos, nem os africanos ou os mexicanos. Nada lhes interessa. No máximo aguardam para ver se Brad Pitt e Angelina Jolie vão vir.

Seu estilo e sua ótica está feita para Davos, para executivos, ex-ministros de economia. Lamenta a imprensa que a América Latina, a África e a China estejam tão pouco representados em Davos. Mas o que teriam a fazer por lá? Não se perguntam, nem querem saber. Seus jornalistas não são orientados senão para seguir os passos de Lula e seus ministros.

Temas como os diagnósticos da crise e as alternativas, a guerra e as alternativas de paz, as propostas de desenvolvimento sustentável – fundamentais no FSM – estão fora da pauta. Nem falar da crise da própria mídia tradicional e das propostas de construção de mídias públicas e democráticas.

A mídia mercantil é um caso perdido para a compreensão do mundo contemporâneo. Não por acaso a crise atual a afeta diretamente. Não tardará para que comecem as quebras de empresa de jornalismo por aqui também. E eles serão vitimas da sua própria cegueira, aquela que lhes impede de ver os projetos do futuro da humanidade, que passeiam pelas veredas de Belém.



Fotos: Eduardo Seidl

“Não somos folclore da humanidade”


BELÉM - “Nossa autoridade é originária”, cantaram em uníssono as vozes dos povos originários da América Latina e da América Central na manhã de hoje, dentro da programação do “Dia da Pan-Amazônia” no Fórum Social Mundial 2009.

Toda esta quarta-feira, 28 de janeiro, segundo dia do FSM 2009, foi dedicada ao “Dia da Pan-Amazônia”, que tem como tema “500 anos de resistência, conquistas e perspectivas afro-indígena e popular”. A decisão de dedicar um dia exclusivo à temática da região, que abriga Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além da Guiana Francesa, e é a verdadeira protagonista do evento, partiu do Conselho Internacional (CI) do Fórum Social Mundial.

Três palcos, dois na UFPA e um na UFRA, foram montados para os povos dos noves países da Pan-Amazônia dialogarem política e culturalmente com o mundo, no esforço por uma aliança planetária para a preservação não apenas da região, mas de toda a humanidade.

No palco montado na Universidade Rural do Pará, o tema “Identidade”, integrante do painel “Terra e Território, Identidade, Soberania Nacional e Soberania Popular e Integração Regional”, mobilizou povos originários da região Pan-Amazônica, da América Central e da África.

“Nem guardiões, nem caseiros”
Para os representantes dos grupos Caiapós, da região de Altamira, no Pará, e Guajarás, da margem oriental da Amazônia, os povos originários da região pan-amazônica não são nem guardiões e nem caseiros dos interesses do homem branco. A relação estabelecida entre eles e a floresta é de sobrevivência, garantia histórica de sua preservação.

A interferência branca e seu conceito de desenvolvimento, segundo Caiapós e Guajarás, modificaram o equilíbrio da região, estabelecido por séculos de convivência harmônica entre os povos originários, seus verdadeiros donos, e a floresta. O conceito branco de desenvolvimento produz bens que acabam não retornando às comunidades de onde os recursos naturais são retirados.

“Não somos folclore da humanidade”
Para os povos herdeiros das culturas inca e maia presentes na manifestação, nem liberalismo ou socialismo são a solução para os problemas dos povos originários, uma vez que os paradigmas econômico-financeiros ocidentais têm como foco o indivíduo, o que acabou conduzindo a humanidade ao individualismo capitalista.

Segundo a cosmovisão Maia, que valoriza sobretudo a consciência coletiva dos grupos sociais e tem a natureza como centro de suas preocupações, só uma visão plurinacionalista restabeleceria a harmonia entre os povos, e entre a humanidade e a natureza.

É preciso, no entanto, passar do “folclorismo” à ação. Uma das principais preocupações dos povos originários neste Fórum é fazer a humanidade compreender que o indígena é um sujeito de direitos, um ator político que precisa ser ouvido em função de sua autoridade originária, e não um ornamento a mais na grande festa da democracia que é o Fórum Social Mundial.

As atividades, que começaram com a apresentação da Dança do Povo Xikrin, do grupo Caiapó, encerraram-se com as apresentações culturais da tribo Wai-Wai, da aldeia Mapuera, do município de Oriximiná, PA, do Grupo Afroritmos do Amapá, que apresentou a Marujada de Quatipurú, manifestação cultural-religiosa de origem afro-brasileira, e do Grupo de Capoeira do Centro de Estudos de Defesa dos Negros do Pará (Cetempa).

Fotos: Eduardo Seidl

Como fico feliz ao ver o avanço de organização que os povos originários tem hoje na América Latina. Isso nos estimula a acreditar em uma América Latina cada vez mais forte e mais igual. Hoje em dia vemos a todo instante a atuação desses povos em seus países na luta pelos direitos negados e pela conservação dos que foram obtidos.



terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Filme: Persépolis


Ficha Técnica
Título Original: Persepolis
Gênero: Animação
Tempo de Duração: 95 minutos
Direção: Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi
Roteiro: Vincent Paronnaud, baseado em livro de Marjane Satrapi
Desenho de Produção: Marisa Musy
Edição: Stéphane Roche


seta3.gif (99 bytes) Elenco (Vozes)
Chiara Mastroianni (Marjane "Marji" Satrapi)
Catherine Deneuve (Sra. Satrapi)
Danielle Darrieux (Avó de Marjane)
Simon Abkarian (Sr. Satrapi)
Gabrielle Lopes (Marjane Satrapi - criança)

seta3.gif (99 bytes) Sinopse
Marjane Satrapi (Gabrielle Lopes) é uma garota iraniana de 8 anos, que sonha em se tornar uma profetisa para poder salvar o mundo. Querida pelos pais e adorada pela avó, Marjane acompanha os acontecimentos que levam à queda do xá em seu país, juntamente com seu regime brutal. Tem início a nova República Islâmica, que controla como as pessoas devem se vestir e agir. Isto faz com que Marjane seja obrigada a usar véu, o que a incentiva a se tornar uma revolucionária.

Outra boa opção de filme histórico, no qual retrata a revolução Iraniana de 1979 , sob a ótica de uma menina. As transformações vividas por este país e as consequências na sociedade e na vida de Marjane.

Filme: Mandela - Luta pela liberdade


Ficha Técnica
Título Original:
Goodbye Bafana
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 140 minutos

Direção: Bille August
Roteiro:
Greg Latter, baseado em livro de Bob Graham e James Gregory
Elenco
Joseph Fiennes (James Gregory),
Dennis Haysbert (Nelson Mandela) Diane Kruger (Gloria Gregory), Shiloh Henderson (Brett Gregory)

seta3.gif (99 bytes) Sinopse James Gregory (Joseph Fiennes) é um típico branco sul-africano, que enxerga os negros como seres inferiores, assim como a maioria da população branca que vivia na África do Sul sob o apartheid dos anos 60. Crescido no interior, ele fala bem o dialeto Xhosa. Exatamente por isso, não é um carcereiro comum: atua, na verdade, como espião do governo com a missão de repassar informações do grupo de Nelson Mandela (Dennis Haysbert) para o serviço de inteligência. Mas a convivência com Mandela cria um forte laço de amizade entre eles e o transforma em um defensor dos direitos negros na África do Sul.

O filme, chegou nas locadoras em janeiro, não é uma grande produção e nem um primor, mas consegue dar sua contribuição para o registro deste grande personagem da história que é Nelson Mandela, retratando acontecimentos de sua vida, e suas reações. Vale a pena conferir

O criminoso Battisti

O criminoso Battisti

Até mesmo a Veja, que na semana passada aventou a possibilidade de que Tarso Genro estivesse certo ao dar asilo a Cesare Battisti, volta atrás na edição que está nas bancas. Com informações precisas, a provar que o homem foi terrorista. Não pretendia voltar ao assunto no blog, mas tenho em mãos informações oficiais do a respeito do Batistti pré-terrorista. E não perco a oportunidade de divulgá-las imediatamente, enquanto correm rumores de que no Fórum Social de Belém pretende-se prestar homenagem a este novo herói da esquerda saudosista, disposta a trafegar entre a hipocrisia e o vácuo. Vamos lá.

:: Aos 18 anos, em 1972, Battisti foi preso nas vizinhanças de Roma, por “furto agravado”;
:: Dois anos depois foi preso em Sabaudia, no Lazio, por “rapina agravada” e “sequestro de pessoa”;
:: Meses depois foi denunciado por ter sequestrado pessoa incapaz, para a prática de atos de libido violenta”;
:: Em 1977 é preso em Udine, norte da Itália, por rapina.

Trata-se, indiscutivelmente, da ficha de um criminoso. Registro de profícuo ensaio para a atividade posterior, iniciada em 1978, quando Battisti mata aquele que fora seu carcereiro em Udine, Antonio Santoro, casado com três filhos.

postado por Mino carta.



O caso Battisti, é no mínimo curioso, conseguiu dividir até os pensadores políticos deste país. Este comentário de Mino Carta atende a argumentos dos que o defendem como criminoso.

Guantánamo: enclave colonial

A decisão de terminar com o centro ilegal de prisão e tortura de Guantánamo por parte de Obama demonstra um gesto de quem quer mudar a imagem de país que se dá o direito de fazer o que bem entende no plano internacional, fundado na força e desrespeitando qualquer tipo de legalidade. É a expressão clara do pior tipo de unilateralismo, fundado na força e na prepotência do império.

Mas, como afirmou Ricardo Alarcon, presidente da Assembléia do Poder Popular de Cuba, isso não basta. É como se os EUA tivessem colocado o bode na sala e agora tiram apenas o seu cheiro. Fica a base de Guantánamo, expressão colonial da presença opressora que os EUA sempre exerceram na região.

Cuba – junto com Porto Rico – foram os dois países latinoamericanos que não tinham conseguido se tornar independentes da Espanha no começo do século XIX. (Os dois posteriormente teriam os destinos mais radicais: Cuba, socialista; Porto Rico, Estado “livre-associado”, na verdade semi-colônia dos EUA.) Na segunda metade do século, Cuba desenvolveu duas guerras de independência - a segunda liderada por José Marti -, mas quando estava prestes a que seu exército de mambis – escravos libertos, usando facões de corte de cana, contra os armamentos de fogo dos espanhóis –triunfasse, os EUA intervieram, com o pretexto de “pacificar” e impediram a vitória dos cubanos. Ao lutar por sua independência no final do século XIX, Cuba teve que se enfrentar já com o poderio imperial dos EUA.

Estes se aproveitaram para se apropriar do que restava do império colonial espanhol – Filipinas, ilhas Gwan, Porto Rico e Cuba. A maior ilha do Caribe passou a ter uma independência tutelada, castrada, tornando-se uma neo-colônia ou uma proto-república, como a chamam os cubanos, com direito de intervenção dos EUA, direito que o império usou e abusou para destituir governos com que divergia e impor sua presença militar em Cuba durante décadas.

Foi nesse marco, pela aprovação, pelo Senado dos EUA, da chamada Emenda Platt – do nome do senador que a propôs – que se apropriaram de um pedaço do território cubano por um século, para montar aí uma base naval. Da mesma forma que o Canal de Panamá, os EUA se davam o direito de ocupação militar por um século de território de um país alheio, pela força.

Torrijos conseguiu, por um acordo com Carter, em 1977, recuperar para o Panamá o Canal, mas os EUA se negam a seguir até mesmo sua própria resolução e permanecem em Guantánamo. É bom frisar que nem sequer a URSS teve bases militares em Cuba, enquanto os EUA continuam a ocupar, ilegalmente, um pedaço do território cubano, que passaram a usar para prisões, interrogatórios e torturas.

O que Cuba exige agora é simplesmente a devolução de uma parte do seu território, ocupado pelos EUA. Quando se discute a normalização das suas relações com os EUA, Cuba nem sequer coloca essa devolução como condição prévia, nem tampouco qualquer alteração do sistema político norte-americano, enquanto os EUA não tocam no tema de Guantánamo e querem impor mudanças no sistema político cubano como condição preliminar para a normalização.

Quem exerce o criminoso bloqueio há mais de 40 anos são os EUA. Foram os EUA que patrocinaram uma tentativa de invasão de mercenários a Cuba, em 1961. Foram eles que promoveram um bloqueio naval a Cuba, em 1962, que quase levou à terceira guerra mundial. São os EUA que seguem fazendo vôos piratas para vigiar a ilha. São eles que tentaram, várias dezenas de vezes, assassinar a Fidel. Foram eles que promoveram vários ataques de comandos terroristas a território cubano. São os EUA que são condenados sistematicamente pela Assembléia Geral da ONU e por outros organismos internacionais por aquele bloqueio – quando tem apenas a solidariedade de Israel e de alguma ilha exótica -, mas mantêm o bloqueio e as agressões.

Devolução de Guantánamo, término imediato do bloqueio econômico, normalização das relações entre os dois países, cada um respeitando o direito do outro de escolher seu sistema político, libertação dos 5 cubanos presos e condenados a várias penas de morte nos EUA por trabalhar para impedir novos ataques terroristas contra Cuba – com isto sim Obama estará demonstrando vontade real de mudar a imagem dos EUA e inaugurar uma nova era de relações não apenas com Cuba, mas com toda a América Latina.

Postado por Emir Sader

Krugman e os cabeções

Por Lourenço

Bom dia,

Artigo do Paul Krugman no NY Times de hoje, rebatendo as críticas ao plano Obama: clique aqui.

Comentário

É curioso o artigo do Paul Krugman porque comprova que não é só no Brasil que se recorrem a cálculos simplórios para questionar ações públicas contra a crise.

Os cabeções americanos pegaram o valor dos investimentos públicos para estimar o custo de criação de cada emprego. Deu US$ 275 mil por emprego criado.

Krugman mostra que o programa será implantado ao longo de anos e criará milhões de empregos a cada ano. Os cabeções pegaram o total aplicado e dividiram pelo número de postos de trabalho criados apenas no primeiro ano. Krugman refaz as contas e diz que o custo cai para US$ 100 mil.

Depois, mostra que os cabeções não consideraram o impacto fiscal positivo de uma economia mais forte. Com isso, o custo estimado por emprego criado cai para US$ 60 mil.

Enviado por: luisnassif

O grampo sem áudio não tinha áudio, não era grampo. O que era? O Golpe de Estado de Direita!

. Na Folha (*) de sábado, na página A4, há um texto que diz que as investigações intensivas da Polícia Federal chegaram à inexorável conclusão: o grampo sem áudio não tem áudio e não é grampo.

. E não se sabe quem grampeou…

. Como dizia o ínclito delegado Protógenes no Roda Morta: grampo sem áudio não é grampo.

. Como diz uma assessora do ínclito Paulo Lacerda, a Cynara Menezes, da Carta Capital: grampo sem áudio é homicídio sem cadáver.

. (Só Lillian Witte Fibe acredita que grampo sem áudio é grampo…)

. O que era então o grampo sem áudio que não tem áudio nem autor e nem é grampo?

. Para que serviu?

. Serviu para o Presidente do Supremo Gilmar Dantas, segundo Ricardo Noblat, chamar o presidente Lula “às falas” – e o presidente que tem medo se submeteu a ser chamado “às falas”…

. Imediatamente, o Presidente que se deixou chamar “às falas” demitiu o ínclito delegado Paulo Lacerda.

. O Ministro serrista - já integrado à Campanha “Serra 2010” - Nelson Jobim produziu uma prova definitiva para desmoralizar o Serviço de Inteligência do Brasil: uma babá eletrônica que “fez” o grampo que não tem áudio, não tem autor e não é grampo.

. O trabalho do PiG(**), articulado por Gilmar Dantas (segundo Noblat), foi, então, “contaminar” a Operação Satiagraha.

. O PiG seguiu a estratégia do bandido condenado, Daniel Dantas: como é impossível se defender das acusações contidas na Satiagraha, o negócio é fazer a Satiagraha deixar de existir, matá-la, vítima de “contaminação”.

. Agora, o PiG esconde a informação de que o grampo não tem áudio, não tem autor e nem existe.

. Quem fabricou o grampo?

. A Polícia Federal chegou à conclusão de que o grampo não tem autor.

. Ninguém grampeou.

. Então, quem grampeou o grampo da Veja?

. A Veja?

. Mas, como, se o Supremo Presidente Gilmar Dantas (segundo Noblat) e o senador Demóstenes Torres dizem que aquela conversa captada pelo “grampo” de fato existiu?

. Será que existiu?

. Ou o Presidente Supremo do Supremo e o nobre Senador inventaram essa estória em conluio com a Veja?

. É uma HIPÓTESE que se deve considerar, diante do fato de que o grampo não tem áudio, não tem autor e sequer existe.

. Ou, se a conversa de fato existiu, quem transformou essa conversa num suposto (“suposto” é como o William Bonner chama os gatunos brancos de olhos azuis) grampo?

. Quem disse a Veja que era um grampo?

. Quem contou essa estória, de um grampo que não tinha áudio nem autor e a Veja acreditou?

. E só a Witte Fibe acreditou que a Veja agiu de boa fé, quando NÃO disse que o grampo NÃO tinha áudio.

. Quem inventou essa estória e envolveu a credibilidade do Presidente da Suprema Corte, Gilmar Dantas (segundo Noblat) e o nobre senador de Goiás, Demóstenes Torres numa patranha?

. A Veja cometeu algum crime?

. Como é que uma revista sai por aí a produzir grampos que não existem para comprometer a segurança da República e o Serviço Nacional de Informações?

. Caro leitor.

. Vamos supor que a revista Time invente um grampo que não tem áudio nem autor e nem existe e só para desmoralizar a CIA.

. E envolve na patranha um senador da República (de oposição), o Presidente da Suprema Corte e o Presidente da República?

. Isso, caro leitor, sairia barato?

. Em qualquer país sério do mundo, uma medida judicial já teria fechado a Veja.

. Ou ainda vai fechá-la?

. Por que o SEBRAE anuncia nesta edição da Veja?

. O Banco do Brasil e a Petrobrás vão continuar a anunciar na Veja?

. As empresas do Governo Lula consideram apropriado financiar o Golpe para derrubar o Presidente Lula?

. Ou essa é apenas uma questão técnica, a ser analisada pelos mestres de mídia programming do Ministério da Comunicação Social?

. Qualquer dúvida, perguntem aos gênios da mídia Andrea Matarazzo e Nizan Guanaes que sabem que critérios técnicos justificam anunciar na Veja e no PiG.

. Eles eram mestres disso, no Governo do Farol de Alexandria!

. O grampo da Veja, o grampo sem áudio, o grampo sem autor, o grampo do Supremo Presidente – isso nada mais era que o Golpe de Estado de Direita.

. Para quê?

. Para proteger os ricos que estão nos 12 HDs (***) da parede falsa do apartamento bandido condenado.

. Para proteger os que investiam nos fundos do Opportunity para não pagar imposto de renda e lavar dinheiro.

. Agora, vai ficar mais difícil.

. A questão saiu das mãos do Gilmar Dantas (segundo Noblat).

. Os governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha legitimaram a Satiagraha do ínclito delegado Protógenes, depois da ação vigorosa e competente do Delegado Romeu Tuma Jr., o homem certo lugar certo.

. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha congelaram US$ 2 bilhões do bandido condenado e seus “clientes”.

. E o grampo sem áudio?

. Deve estar escondido com aqueles 12 HDs …

Paulo Henrique Amorim

Em tempo: o PiG informa que o Supremo Presidente do Supremo vai criar um “controle externo” à ABIN. “Controle externo” significa Ele. Ele quer controlar a ABIN para que a ABIN não investigue brancos e ricos de olhos azuis. Ficar só em cima do MST. O PiG também informa que Ele vai retirar do Presidente da República o direito de dar asilo a preso político. E só Ele pode ter esse direito. Mas, de fato, quem exerce o Poder, hoje, no Brasil? É Ele. Se Ele quiser o Pré-Sal - quem ousará dizer não? E se Ele decidir que pós-graduação em Direito agora só se pode fazer a distância? E se Ele contratar o Paulo Renato de Souza para dizer que a idéia é genial? Quem ousará dizer não?

(*)Já estava na hora de a Folha tirar os cães de guarda do armário e confessar que foi “Cão de Guarda” do regime militar. Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.
(**)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

(***) Caríssimo Delegado Ricardo Saadi: a CIA já deslacrou os 12 HDs? O senhor tem idéia de quando chegam? O senhor vai tirar cópia para os corajosos Juiz Fausto De Sanctis e o Procurador Rogério De Grandis? Ou o senhor pretende dar vistas ao Nélio Machado ou ao Fausto Macedo do Estadão, antes de o Juiz De Sanctis passar os olhos?

A Petrobrás afogou o PiG (**) e a Globo na Bacia de Campos


Já houve um tempo em que Roberto Marinho gostava muito da Petrobrás.

. Não podia sair nenhuma notícia na editoria de Economia dos telejornais da Globo sobre a Petrobrás que não fosse autorizada por ele.

. As manchetes do jornal O Globo sobre a Petrobrás tinham uma consistência: precediam ou sucediam bruscos movimentos de alta ou baixa das ações da Petrobrás.

. Era uma coincidência…

. O Dr Roberto sabia, sempre, antes, quem seria o Presidente da Petrobrás.

. Um dia, quando eu tinha uma coluna sobre Economia no Jornal da Globo, anunciei um dia antes que o presidente da Petrobrás seria Helio Beltrão.

. No dia seguinte, o Dr Roberto me chamou à sala para explicar com suavidade e firmeza – como era o seu estilo pessoal - que, ali, na Globo, notícias como aquelas exigiam a autorização dele.

. Ponderei que, afinal, aquilo era um furo meu, e que eu me comprazia em dar furos “na minha coluna no Jornal da Globo”.

. Ele respondeu firme: “a coluna é do Globo, meu filho”.

. Para ele, a televisão era precedida do artigo masculino.

. A relação íntima de Roberto Marinho com a Petrobrás se tornou “carnal”, como diria Carlos Menem, no Governo Sarney.

. Na verdade, Roberto Marinho co-presidiu o Brasil no Governo Sarney.

. Antonio Carlos Magalhães, no Ministério das Comunicações, era o leva-e-traz dessa parceria.

. Agora, os filhos de Roberto Marinho (eles não chegam a ter nome próprio) mantêm uma relação hostil com a Petrobrás.

. Veja, por exemplo, caro leitor, o que disse o Globo online, na noite desta segunda-feira.

. No jornal impresso, na abertura da seção de Economia, nesta segunda-feira, a chamada é “Abalo Global” (sic) e o título, “Um plano de negócios arriscado – para analistas (???) incertezas na economia podem elevar custo de investimentos da Petrobrás”.

. O que é uma afirmativa dramaticamente estúpida, já que incertezas na economia podem elevar o custo de investimento da Globo, da Microsoft, da Gazprom, da Basf, British Airways, da Vale, da Votorantim, da GM, do Bahamas – e da minha tia do Grajaú…

. A Petrobrás anunciou no fim da semana passada, ao fim de uma reunião com o Presidente Lula, que vai investir entre 2009 e 2103 a bagatela de US$ 174 bilhões de dólares.

. Isso é o PIB de uma meia dúzia de países.

. Só no ano de 2009 serão US$ 29 bilhões.

. Por que os filhos do Roberto Marinho são contra isso tudo?

. (Será que eles recusarão comerciais da Petrobrás no intervalo do jornal nacional?)

. Por dois motivos.

. Um, por um motivo ideológico.

. Uma empresa estatal não pode dar certo.

. Não pode ter bala.

. Embora o Dr Roberto tenha sido “sócio” das oscilações da Petrobrás na Bolsa, por muito tempo ele se filiou ao Pai de todos os Colonistas (*), Roberto Campos, que passou a vida a falar mal do “Petrossauro”.

. Devidamente estimulado pelas empresas estrangeiras de petróleo, especialmente as americanas, Campos lutou, inutilmente, contra Petrobrás.

. E foi o colonista (*) do coração de Roberto Marinho, Octavio Frias e dos Mesquita.

. Todos eles morreram afogados nas águas profundas da Bacia de Campos.

. Essa é a questão ideológica.

. A Petrobrás não pode dar certo.

. (É por isso que a notável urubóloga Miriam Leitão contrapõe sempre o fracasso da Petrobrás ao sucesso retumbante da Vale, que por sinal, é estatal, ainda…)

. Mas, tem também a questão eleitoral.

. A Petrobrás é um dos instrumentos do Governo Lula para conter a crise econômica.

. Quanto mais a Petrobrás investir, menores serão as possibilidades de a economia brasileira ir à breca.

. O que interessa ao PiG (**) e aos filhos do Roberto Marinho?

. Que o Governo Lula fique sentado em cima das mãos, não faça nada e espere a crise ficar co tamanho que o PiG (**) pinta todos os dias.

. O sonho do PiG é o Governo Lula se afundar na crise e não fazer nada.

. E esperar o José Pedágio salvar o Brasil.

. Faz parte do marketing de José Pedágio pintar uma crise profunda para que ele, São Jorge redivivo, possa salvar o Brasil. Leia aqui.

. Porque, se o PiG estiver errado e o Governo Lula evitar a crise, o Presidente Lula fará o sucessor.

. É só isso.

. A Petrobrás tem que fracassar.

. O Brasil tem que fracassar.

Paulo Henrique Amorim

(*)Se refere a “colônia”, dá a idéia de pessoa “colonizada”, submetida ao pensamento hegemônico que se originou na Metrópole e se fortaleceu nos epígonos coloniais. Epígonos esses que, na maioria dos casos, não têm a menor idéia de como a Metrópole funciona, mas a “copiam” como se a ela pertencessem.

(**) Já estava na hora de a Folha tirar os cães de guarda do armário e confessar que foi “Cão de Guarda” do regime militar. Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Vitória da nova Constituição significa refundação da Bolívia


O Sim ganhou o referendo sobre a nova Constituição da Bolívia com cerca de 60% dos votos. Nos quatro departamentos onde a oposição ao presidente Evo Morales detém o poder o "Não" ganhou. Na pergunta sobre o tamanho máximo de uma propriedade agrícola (10.000 ou 5.000 hectares), a opção 5.000 ganhou por 78%, tendo triunfado mesmo nos departamentos da chamda "meia lua" (reduto da oposição). O presidente Evo Morales declarou, no discurso que fez após ser conhecida a vitória: "Hoje é a refundação da Bolívia (...) é o fim do Estado colonial, termina o colonialismo interno e externo". O resultado do referendo, acrescentou, é "o fim da grande propriedade e dos grandes proprietários".

No referendo à Constituição os resultados foram os seguintes, segundo o jornal boliviano
La Prensa: Nos departamentos do Ocidente (La Paz, Cochabamba, Oruro e Potosi) o "Sim" obteve 72% e o "Não" 28%. Nos quatro departamentos da "meia lua" (Santa Cruz, Beni, Tarija e Pando) 63% dos votantes disseram "Não" e 38% "Sim". No departamento de Chuquisaca, 51% dos votantes apoiaram o "Sim" e 49% o "Não". De salientar que no departamento de La Paz, a capital, o "Sim" ganhou com 76%.

Além do referendo à Constituição, os bolivianos votaram também sobre o tamanho máximo que uma propriedade rural pode ter. O artigo 398 da nova Constituição proíbe o latifúndio e o referendo punha duas alternativas como limite máximo da propriedade rural: 10.000 ou 5.000 hectares.
A opção 5.000 venceu em todos os departamentos, mesmo nos da "meia lua", com uma percentagem de 78% no global do país, contra 22% para a opção 10.000 hectares.

Constituição amplia direitos dos povos indígenas


O novo texto amplia os direitos sociais e econômicos dos povos indígenas, num país em que 80% da população é formada por indígenas e mestiços que nunca se viram representados pelos governos de elite branca.
Mais de 80 dos 411 artigos da nova Constituição abordam a questão indígena no país mais pobre da América Latina. Pelo texto, os 36 "povos originários" passam a dispor de uma quota obrigatória em todos os níveis de eleição, a ter propriedade exclusiva dos recursos florestais e direitos sobre a terra e os recursos hídricos. Num dos pontos mais polêmicos, é estabelecida a equivalência entre a justiça tradicional indígena e a justiça ordinária do país, autorizando tribos a julgarem e punirem suspeitos de crimes segundo os seus costumes tradicionais, e não de acordo com os preceitos jurídicos herdados da colonização espanhola.


A nova Constituição prevê também uma representação indígena no Tribunal Constitucional e o direito à autodeterminação dos povos indígenas em terras comunitárias.
"Esta bela terra nos pertence: aimarás, quéchuas, guaranis, chiquitanos... Os direitos dos que nasceram nesta terra são reconhecidos na nova Constituição", disse Morales durante a campanha do referendo... "Esse processo de mudança não tem volta, a Bolívia não retornará ao neoliberalismo", acrescentou o presidente boliviano.

Outras medidas importantes votadas no referendo foram: o cultivo da coca passa a ter proteção estatal, "como patrimônio cultural, recurso natural renovável e factor de coesão social": e a ampliação do controleo do Estado sobre a economia que vai exigir às empresas estrangeiras que reinvistam os seus lucros na Bolívia.
Foto: Agência Boliviana de Informações (ABI)

Hoje eu li na impressa golpista*, que a vitória do referendo representaria uma diminuição da confiança do povo bolíviano em Evo Morales e, consequentemente um fortalecimento da oposição, já que o referendo foi aprovado com 60% , uma votação 7% inferior a reeleição de Evo anos atrás. Ao ler um absurdo desse eu vejo que esses jornais devem tentar enganar a si mesmos, porque não enganam a mais ninguém. Como pode uma aprovação de um referendo representar uma derrota política? e mesmo que a porcentagem de votação seja menor que a da reeleição, será que a impressa não sabe que uma coisa é votar sobre um referendo e outra é votar para presidente?, que o diga Chavez, que continua com boa popularidade de não teve seu referendo aprovado.

*golpista porque é tendenciosa, oculta a verdade dos fatos ou os manipula para atingir os seus interesses pessoais, engando a população sobre o que realmente está acontecendo.