. Não podia sair nenhuma notícia na editoria de Economia dos telejornais da Globo sobre a Petrobrás que não fosse autorizada por ele.
. As manchetes do jornal O Globo sobre a Petrobrás tinham uma consistência: precediam ou sucediam bruscos movimentos de alta ou baixa das ações da Petrobrás.
. Era uma coincidência…
. O Dr Roberto sabia, sempre, antes, quem seria o Presidente da Petrobrás.
. Um dia, quando eu tinha uma coluna sobre Economia no Jornal da Globo, anunciei um dia antes que o presidente da Petrobrás seria Helio Beltrão.
. No dia seguinte, o Dr Roberto me chamou à sala para explicar com suavidade e firmeza – como era o seu estilo pessoal - que, ali, na Globo, notícias como aquelas exigiam a autorização dele.
. Ponderei que, afinal, aquilo era um furo meu, e que eu me comprazia em dar furos “na minha coluna no Jornal da Globo”.
. Ele respondeu firme: “a coluna é do Globo, meu filho”.
. Para ele, a televisão era precedida do artigo masculino.
. A relação íntima de Roberto Marinho com a Petrobrás se tornou “carnal”, como diria Carlos Menem, no Governo Sarney.
. Na verdade, Roberto Marinho co-presidiu o Brasil no Governo Sarney.
. Antonio Carlos Magalhães, no Ministério das Comunicações, era o leva-e-traz dessa parceria.
. Agora, os filhos de Roberto Marinho (eles não chegam a ter nome próprio) mantêm uma relação hostil com a Petrobrás.
. Veja, por exemplo, caro leitor, o que disse o Globo online, na noite desta segunda-feira.
. No jornal impresso, na abertura da seção de Economia, nesta segunda-feira, a chamada é “Abalo Global” (sic) e o título, “Um plano de negócios arriscado – para analistas (???) incertezas na economia podem elevar custo de investimentos da Petrobrás”.
. O que é uma afirmativa dramaticamente estúpida, já que incertezas na economia podem elevar o custo de investimento da Globo, da Microsoft, da Gazprom, da Basf, British Airways, da Vale, da Votorantim, da GM, do Bahamas – e da minha tia do Grajaú…
. A Petrobrás anunciou no fim da semana passada, ao fim de uma reunião com o Presidente Lula, que vai investir entre 2009 e 2103 a bagatela de US$ 174 bilhões de dólares.
. Isso é o PIB de uma meia dúzia de países.
. Só no ano de 2009 serão US$ 29 bilhões.
. Por que os filhos do Roberto Marinho são contra isso tudo?
. (Será que eles recusarão comerciais da Petrobrás no intervalo do jornal nacional?)
. Por dois motivos.
. Um, por um motivo ideológico.
. Uma empresa estatal não pode dar certo.
. Não pode ter bala.
. Embora o Dr Roberto tenha sido “sócio” das oscilações da Petrobrás na Bolsa, por muito tempo ele se filiou ao Pai de todos os Colonistas (*), Roberto Campos, que passou a vida a falar mal do “Petrossauro”.
. Devidamente estimulado pelas empresas estrangeiras de petróleo, especialmente as americanas, Campos lutou, inutilmente, contra Petrobrás.
. E foi o colonista (*) do coração de Roberto Marinho, Octavio Frias e dos Mesquita.
. Todos eles morreram afogados nas águas profundas da Bacia de Campos.
. Essa é a questão ideológica.
. A Petrobrás não pode dar certo.
. (É por isso que a notável urubóloga Miriam Leitão contrapõe sempre o fracasso da Petrobrás ao sucesso retumbante da Vale, que por sinal, é estatal, ainda…)
. Mas, tem também a questão eleitoral.
. A Petrobrás é um dos instrumentos do Governo Lula para conter a crise econômica.
. Quanto mais a Petrobrás investir, menores serão as possibilidades de a economia brasileira ir à breca.
. O que interessa ao PiG (**) e aos filhos do Roberto Marinho?
. Que o Governo Lula fique sentado em cima das mãos, não faça nada e espere a crise ficar co tamanho que o PiG (**) pinta todos os dias.
. O sonho do PiG é o Governo Lula se afundar na crise e não fazer nada.
. E esperar o José Pedágio salvar o Brasil.
. Faz parte do marketing de José Pedágio pintar uma crise profunda para que ele, São Jorge redivivo, possa salvar o Brasil. Leia aqui.
. Porque, se o PiG estiver errado e o Governo Lula evitar a crise, o Presidente Lula fará o sucessor.
. É só isso.
. A Petrobrás tem que fracassar.
. O Brasil tem que fracassar.
Paulo Henrique Amorim
(*)Se refere a “colônia”, dá a idéia de pessoa “colonizada”, submetida ao pensamento hegemônico que se originou na Metrópole e se fortaleceu nos epígonos coloniais. Epígonos esses que, na maioria dos casos, não têm a menor idéia de como a Metrópole funciona, mas a “copiam” como se a ela pertencessem.
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