sexta-feira, 26 de junho de 2009

Em 2008, bancos tiveram mais ajuda que pobres em 50 anos

Redação – Carta Maior

O setor financeiro internacional recebeu, apenas em 2008, quase dez vezes mais recursos públicos do que todos os países pobres do planeta nos últimos cinqüenta anos. O dado foi divulgado nesta quarta-feira (24) pela campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) pelas Metas do Milênio, destinada a combater a fome e a pobreza no mundo. Enquanto os países pobres receberam, em meio século, cerca de US$ 2 bilhões em doações de países ricos, bancos e outras instituições financeiras ganharam, em apenas um ano, US$ 18 bilhões em ajuda pública.

A ONU alertou que a crise econômica mundial piorará ainda mais a situação dos países mais pobres, lembrando que, na semana passada, a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) afirmou que a crise deixará cerca de 1 bilhão de pessoas passando fome no mundo.

A revelação foi feita no início de uma conferência entre países ricos e pobres, que ocorre na sede da ONU, em Nova York, para debater o impacto da crise. Segundo o diretor da Campanha pelas Metas do Milênio, Salil Shetty, esses números mostram que a destinação de recursos públicos ao desenvolvimento dos países mais pobres não é uma questão de falta de recursos, mas sim de vontade política.

“Sempre digo que se você fizer uma promessa e não cumprir, é quase um pecado, mas se fizer uma promessa a pessoas pobres e não cumprir, então é praticamente um crime”, disse Shetty à BBC. “O que é ainda mais paradoxal”, acrescentou, “é que esses compromissos (firmados pelos países ricos para ajudar os mais pobres) são voluntários”. “Ninguém os obriga a firmá-los, mas logo eles são renegados”, criticou o funcionário da ONU.

Um dos efeitos desta perversa distorção foi apontado pela FAO: a quantidade de pessoas desnutridas aumentará no mundo em 2009, superando a casa de um bilhão. “Pela primeira vez na história da humanidade, mais de um bilhão de pessoas, concretamente 1,02 bilhão, sofrerão de desnutrição em todo o mundo”, advertiu a entidade. A FAO considera subnutrida a pessoa que ingere menos de 1.800 calorias por dias.

Do total de pessoas subnutridas hoje no mundo, 642 concentram-se na Ásia e na região do Pacífico e outras 265 milhões vivem na África Subsaariana. Na América Latina e Caribe, esse número é de 53 milhões de pessoas. Em 2008, o total de desnutridos tinha caído de 963 milhões para 915 milhões. O motivo foi uma melhor distribuição dos alimentos, Mas com a crise, o quadro de fome no mundo voltará a se agravar. Segundo a estimativa da ONU, um milhão de pessoas deverão passar fome no mundo nos próximos meses.


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segunda-feira, 15 de junho de 2009

em Homenagem ao São João que está chegando.

O forrobodó do Senado


O SEGREDO DO SENADO


Já vi político esconder
Castelo e bela mansão
Já vi escondendo dólar
Na cueca e no calção
Já vi político negando
E sob pressão jurando
Que nunca andou de avião

Já vi político cassado
Por causa do mensalão
Já vi outro se explicando
Como pagava a pensão
Já vi senador flagrado
Com um jatinho alugado
Com dinheiro do povão

Pensava ter visto tudo
Do nosso velho Congresso
Que já pagou hora extra
Nada obstante em recesso
E agora vejo o Senado
Contratando apaniguado
Sem publicar o acesso

Pra liberar hora extra
E aumentar o salário
O Senado Federal
Fez o povo de otário
Quinhentos atos secretos
Foram agora descobertos
Nesse conto do vigário

O ato de gestão pública
No Estado de Direito
Exige publicidade
Pra não nascer com defeito
Eficácia e transparência
Dão aos atos a essência
Pra produzir seus efeitos

Com esses atos secretos
Ilegais e indecentes
Senadores criam cargos
Pra nomear seus parentes
Já descobriram um neto
Sobrinha e parentes perto
Dos últimos três presidentes.


Edmar Melo.


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A visão de quem chegou do Irã

do blog do Nassif

Por Marcus Netto

Nassif , sugiro que você aborde a pauta das Eleições Iranianas pois ela tem várias implicações futuras sobre o re-arranjo Geopolítico das forças mundiais , das alianças que o Brasil se decidiu nos últimos anos e a volta de uma atuação forte da Cia no Oriente Médio, agora com as ferramentas do Partido Democrata.

Empresário cheguei do Ira ontem. 10 dias em Teerã, Qom, Yazdi, Shiraz e Isfahan. Fui hóspede na casa de fornecedores que são da típica Classe Média e Alta Iraniana. Assisti aos debates de TV com eles. Em função da minha profissão visitei Indústrias onde perguntei livremente aos operários , Taxistas , pequenos comerciantes e populares nos Cafés destas Cidades. Todos quase sem exclusão declaram voto em Ahrmadinejad. Os empresarios é que financiaram a Oposição. É preciso reconhecer os fatos sem paixões.

Eu presenciei pessoalmente a Total LIberdade que a população tinha em se manifestar. Diariamente , após as orações da noite, por volta das 22:00 imensas massas de jovens , estudantes , a pé e de moticletas com até 4 pessoas (eu nuca havia vsisto quatro pessoas sem capecete em uma moto 125 ) faziam suas manifestações barulhentas em todas as CIdades que visitei. Sem nenhuma repressão. O que me chamou a atenção foi a caríssima campanha do Líder da Oposição M. Mousavi. Folhetos coloridos em tamamnho A4 e A3 eram distribuídos aos motoristas aos milheres , com gramatura elevada. Eu até trouxe para o Brasil um exemplar. Conversando com meus fornecedores , alguns empresários articulados politicamente e outros nem tanto , e eles se parecem muito influenciados pela cultura do intercâmbio comercial com o Ocidente e não dimensionaram a real origem da Crise Financeira que os afetou profundamente, isso associado a queda das receitas com o Petróleo . Eles culpam o governo atual que chamam de incompetente .

As eleições atuais se parecem muito com a última disputa entre o Lula e o Alckmim . No caso Iraniano a oposição cometeu o erro de achar que a opinião pública é compostas apenas pelos bem nascidos e a Classe Média. Pior do que isso , eles insultaram o Islã utilizando cores e símbolos que são inapropriados dentro do Islã.

Gostando ou não da Cultura Islâmica , todos com quem eu conversei no Irã , ricos e pobres declaravam-se muito satisfeitos com a religião. Faziam diariamente suas orações por opção . Havia críticas apenas alguns Mulás , os clérigos locais . O Irâ é muito mais liberal quanto as mulheres do que a Ditadura da Arábia Saudita e dos Emirados e muito menos corrupto que a Ditadura Mubarak no Egito. Até mesmo os detratores de Ahrmadinejad afirmaram que ele era um homem honesto.

Os Estados Unidos participaram ativamente no suporte a Opesição, através de recursos financeiros e de sua comunidade exilada em Washington DC , provenientes da era do Xá Pahlevi , muito ricos e alguns separatistas do Ahzebaijão que se refugiam em Great Falls Virginia.

A CIA já fez isso no passado com Mohamed Mousadegh e tentou novamente. Porém no mundo atual , parece que os pobres através do seu silêncio mas argúcia está sabendo dar as respostas necessárias as elites carcomidas do Mundo Velho.

Temos que reconhecer a Vitória Acachapante de Ahrmadinejad sem paixões mas com realismo.

Um abraço a todos


Não há dúvidas que Ahrmadinejad trata-se de um fanático mas, primeiro: ele foi criado pelos ocidentes, como já disse Flávio Aguiar, e segundo: ele foi eleito. Então temos de aguentá-lo, afinal de contas o Ocidente não mudará sua forma de tratar o Oriente, então alternativas como estas continuaram emergindo.


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A marca da maldade

Agora você vai ouvir aquilo que merece,
As coisas ficam muito boas quando a gente esquece...
Lupicínio Rodrigues

Eu me lembro vagamente de um artigo nas Seleções do Reader’s Digest, que meu pai colecionava, sobre a Pérsia dos anos cinqüenta do século passado. Tinha uma ilustração com um guarda correndo e um cara ao fundo, com uma maleta, ou algo assim, na mão. E aí vinha a história: o guarda, fazendo uma ronda, achara que o cara com a maleta era um ladrão e correra atrás dele. Nem sei se o cara foi preso ou se deixou cair a maleta e fugiu. Mas dentro da maleta a polícia de Teerã (pois estávamos na então Pérsia, hoje Irã) descobriu uma derrama de planos para fazer o comunismo tomar o país de assalto. E esse golpe terrível contra a Pérsia e a humanidade foi evitado graças àquele guarda que correu atrás de um suposto ladrão de dinheiro ou de bugigangas, mas que na verdade era um ladrão de países e de almas. Porque além de criancinhas os comunistas comiam almas.

Tempos depois, eu vim a saber que o guarda e a maleta podiam até ter existido, mas era tudo mentira. Mas era uma mentira de verdade: aquilo fizera parte da Operação Ájax, uma operação montada pela CIA e pelo serviço secreto britânico MI6 (oficialmente, SIS, Secret Intelligent Service) para derrubar o governo nacionalista do primeiro ministro Mohammad Mossadegh, que nacionalizara o petróleo. Isso foi considerado uma afronta e um perigo para os interesses da Anglo-Iranian Oil Company, pedra fundamental da política britânica e já norte-americana na região do Oriente Médio.

Mossadegh tornou-se primeiro ministro da Pérsia (depois Irã) em 1951. Por essa época quando se deu a nacionalização, os britânicos levaram seu caso à Corte Internacional de Haia... e perderam. Desde então os britânicos começaram a conspirar para derrubar Mossadegh, em favor do Xá Reza Pahlavi, soberano que lhes inspirava mais confiança. Mas só conseguiram convencer os norte-americanos a entrar na aventura depois que os republicanos chegaram ao poder com Dwight Eisenhower. A partir daí não pouparam esforços, propaganda e dinheiro para derrubar Mossadegh. É claro que havia por detrás disso a moldura da Guerra Fria e da presença soviética na região. Mas é claro também que havia uma forte animosidade imperialista contra as políticas nacionalistas no Terceiro Mundo. Os Estados Unidos, que mais e mais traziam os britânicos para sua própria ordem e órbita, também se sentiam ameaçados, e em escala mundial. Movimentos nacionalistas e de independência ou autonomia em relação aos impérios agitavam a Ásia, a África e a América Latina. No mundo árabe o nacionalismo encontrava forte amparo em forças armadas, como as do Egito e da Turquia. Israel já não era o incômodo que fora para britânicos e norte-americanos, e mais e mais tornava-se um aliado crucial no dominó petroleiro e político do Oriente Médio. O alvo tornou-se o movimento nacionalista no mundo árabe. A Pérsia foi a primeira peça do dominó, ou o primeiro degrau da escalada.

Só a CIA jogou na Pérsia um milhão de dólares (na época, uma soma apreciável, hoje um troco de crise financeira) na propaganda e na compra de ações, não bancárias ou outras desse tipo, mas ações contra o governo de Mossadegh. A primeira tentativa falhou, e o Xá, envolvido na conspiração, teve de deixar o país, primeiro para Bagdá, no Iraque (!), depois para a Itália. Os norte-americanos o buscaram em Roma, trouxeram-no de volta, e com o apoio de militares americanófilos (como se dizia então), que temiam uma sublevação no Exército, o puseram, mais literalmente, o plantaram no trono, depois da segunda tentativa de golpe, em 1953, desta vez bem sucedida. Mossadegh foi condenado à morte por um tribunal de fancaria. Depois teve sua pena comutada para prisão perpétua, que cumpriu primeiro num quartel e depois em prisão domiciliar até sua morte, em 1967.

Durante esse duplo golpe contra Mossadegh, os aiatolás religiosos receberam um primeiro impulso político generoso. Por parte de quem? Dos norte-americanos e britânicos, que viam neles uma (então não muito poderosa, mas de alguma eficácia) arma anti-comunista, pela ascendência que tinham sobre a população pobre nas cidades e o campesinato. E o Xá consolidou seu poder sobre o Irã e sobre a mídia mundial, pois era um dos assuntos preferidos dos “temas de coluna social”. O drama de sua segunda mulher, Soraya, que não conseguia lhe dar filhos (era o que se dizia, pois, em caso de dúvida, aponte-se a mulher), comoveu multidões de leitores, inclusive das revistas Manchete, O Cruzeiro, etc., no Brasil.

Separado de Soraya, o Xá continuou sendo atração com sua nova mulher, Farah Dibah, proclamada Imperatriz. Aliás, a visita do Xá a Berlim (ver matéria nesta Carta Maior) foi um dos gatilhos para as grandes manifestações estudantis de protesto na Europa, em 1967.

O império do Xá, cada vez mais despótico, repressivo, e sobre os quais pesavam denúncias graves de corrupção, arrastou a a Pérsia (que também era chamada de Irã, a pedido de seu pai) a protestos cada vez maiores, apesar de algum progresso material, devido à política do petróleo. (Durante o governo de Mossadegh os países do ocidente suspenderam a compra de petróleo iraniano, querendo levar o país à penúria). Para atrair as massas campesinas, o Xá promoveu uma espécie de reforma agrária, tomando terras das organizações religiosas muçulmanas, que não viam com bons olhos a continuidade que deu a algumas reformas modernizantes de Mossadegh, sobretudo em relação ao comportamento e à presença social e econômica das mulheres. Mexer nas terras dos aiatolás jogou-os de vez na oposição. Alguns deles, como Khomeini, tiveram de se exilar.

O império do Xá prosseguiu até 1979, quando uma série de insurreições – a culminante foi a do Exército, que se recusou a atirar na multidão – em Teerã e no interior o obrigaram a renunciar e a fugir. A gota d’água foi uma greve de funcionários públicos que literalmente paralisou o Estado. Mas que Irã (o nome Pérsia foi definitivamente abandonado) era aquele, de 1979? Um Irã muito diferente do de Mossadegh. Os nacionalistas dos anos 50 tinham sido desbaratados, isolados, presos, mortos. Os comunistas idem. Os liberais ilustrados estavam enfraquecidos, sem liderança, embora junto à classe média o descontentamento fosse enorme.

A tudo a Savak, a polícia política do Xá, sempre com ajuda da CIA e do MI6, neutralizara, dobrara, destruíra. O que restara? A organização do clero, que ocupou o espaço político deixado vazio, e começou a “revolução islâmica”. As primeiras ceifas nessa nova ordem se deram entre os comunistas, tão duramente reprimidos como nos tempos do Xá; junto com eles, liberais laicos e nacionalistas “no estilo antigo”.

Quando os aiatolás deixaram de ser confiáveis e, além disso, se tornaram poderosos gestores de uma das grandes reservas de petróleo do mundo, o vizinho Iraque, de Saddam Hussein, voltou-se contra eles, e invadiu o Irã. Além das ambições pessoais, Saddam temia que o exemplo vizinho contaminasse seu próprio campo. Daquela vez, contou com a nova simpatia dos norte-americanos, que não só o incentivaram, como lhe deram, através da CIA, armas químicas para usar contra os iranianos. Essa guerra, que durou de 1980 a 1988, provocou a morte de um milhão de iranianos.

Terminada a guerra, houve ainda tentativas de abrir mais espaços políticos por entre as frinchas do império dos aiatolás, sem sucesso duradouro. Consolidou-se a “república islâmica”. A mídia do Ocidente prega continuamente sobre seu atraso em vários aspectos políticos e comportamentais (no que muitas vezes tem razão). Mas quase sempre omitem o papel que os países líderes do Ocidente tiveram e têm nessa consolidação.

É nessa moldura – em que o poder de fato está, não nas mãos do presidente da república, mas do corpo e do líder dos aiatolás – que aparece o espaço para um político de ambições próprias como Mohammad Ahmadinejad. Sem nunca contestar o poder e a palavra dos aiatolás, pelo contrário, apresentando-se como seu fiel porta-voz, Ahmadinejad procurou – ainda procura – sulcar seu próprio caminho nas frinchas desse quadro muito estreito e de terrenos minados. O aiatoloá Khamenei, líder do Conselho de Governo, é o chefe das forças armadas e do serviço de inteligência. Qualquer passo em falso põe o político desavisado fora do campo, senão do mundo inteiro. Ahmadinejad conseguiu aproximar-se da população mais desvalida através de políticas compensatórias financiadas pelos dividendos do petróleo, quando foi governador da província de Ardabil e quando foi prefeito de Teerã. Quando ocupava esse último cargo, chegou a ser apontado para receber o título de “Prefeito do Mundo”, em 2005, da organização internacional “City Mayors”, com base em vários países da Europa e nos Estados Unidos. Então ainda não era o perigoso presidente de um país à deriva. Sua indicação (feita no âmbito da organização, não de fora dela) não prosperou porque ele renunciou ao cargo para tornar-se o presidente eleito da controvertida república, o preferido das massas despossuídas e dos aiatolás. Como presidente, perseguiu uma facilitação do crédito e uma redução das taxas de juros, além de um controle mais estrito sobre operações financeiras e paralelas.

As oposições não conseguiram mobilizar a população pobre ou remediada, que é a imensa maioria no Irã. Sua vitória recente não surpreende, nem que para isso ele mobilize um sentimento anti-ocidente, anti-Israel, e religioso. E até agora só surgiram acusações de fraude, nenhuma suspeita ou prova mais consistente.

A questão nuclear, no Irã, não evidentemente, uma decisão apenas sua. Nada seria feito sem o carimbo dos aiatolás, ou sua bênção. Mas ele deu a ela um ritmo próprio, não resta dúvida. Embora jure que não pretenda dispor de um arsenal nuclear, é de duvidar que isso não esteja nos seus ou nos planos da “revolução islâmica”. Desarmado o Iraque, pelo menos de momento, e pelos mesmos países que promoveram seu ditador, Saddam Hussein, o campo ficou aberto para o Irã, ainda mais diante do isolamento da Síria, único país onde resta alguma sombra daquele nacionalismo antigo, e da batalha da Turquia para entrar na União Européia. Uma agenda nuclear é a única coisa que resta ao Irã para se contrapor à supremacia militar de Israel - também no campo das ogivas atômicas. E o destino de Saddam Hussein só deve ter reforçado esse propósito, pois de herdeiro de um partido nacionalista que era, passou a preferido do Ocidente na região, contra o Irã, e teve o destino que teve.

Além disso, essa agenda e sua manutenção na ordem do dia mundial, o que permite a Ahmadinejad ambicionar o papel de um novo “global player”, lhe valeram uma aproximação política com a Rússia, coisa que dificilmente os aiatolás poderiam empreender, embora a Moscou de hoje nada tenha a ver com os antigos comunistas que eles perseguiram tão duramente quanto a Savak.

Pesa sobre Ahmadinejad a acusação de negar o genocídio contra judeus durante a Segunda Guerra, e de pregar a destruição do Estado de Israel. Ele afirma tenazmente que não o fez, e há uma verdadeira batalha entre tradutores e lingüistas em torno do que ele teria ou não teria dito, em árabe, nos discursos em que se referiu a ambos os temas. A pecha existe, em todo o caso, e ele ainda não agiu de modo peremptório e definitivo para pôr-lhe fim, o que não o ajuda naquela ambição de se tornar o “global player” que ele quer ser. Enquanto ele não fizer isso, a força de sua ação ficará limitada à região. Mas esse é um Rubicão que dificilmente dará vau a quem quiser cruza-lo, depois de ter feito afirmações, para dizer o mínimo, dúbias, a respeito de uma história confirmada e re-confirmada como a do morticínio em massa de judeus na Europa, ou a respeito da destruição do Estado de Israel. Hoje, numa margem desse Rubicão em que ele se meteu com essas suas afirmações estão os poderosos aiatolás de seu país; na outra, no momento, o comprometedor e comprometido Benyamin Nethanyau, que acaba de inventar, para conceder à Barack Obama sem renegar seus aliados conservadores em Israel, o conceito de um “Estado sarcófago”, isto é, sem qualquer soberania, que é o que ele diz poder aceitar para os palestinos. Por ora, esse é um campo de posições fixas, sem margem de manobra para ninguém.

Em tudo, como se vê, está presente essa verdadeira “marca da maldade” (evocando o título do maravilhoso filme de Orson Welles sobre o policial que decide tomar a justiça nas próprias mãos): a presença da unha venenosa do comportamento das potências do Ocidente durante e depois da Guerra Fria.


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sábado, 13 de junho de 2009

A amazônia em Debate

a aprovação pelo senado da Medida Provisória 458, da regularização fundiária na Amazônia, fez com que a senadora assumisse a liderança de um movimento de pressão para que o presidente Lula não referende pelo menos três dos artigos da MP. Nas entrevistas que tem dado e nos artigos que escreveu a senadora subiu o tom das críticas. No portal Terra Magazine ela escreveu, num artigo chamado, sintomaticamente, “Nas mãos do Presidente”:

“A aprovação da Medida Provisória (MP) 458/09, semana passada, no Plenário do Senado, foi o terceiro momento mais triste da minha vida. O primeiro foi quando, ainda adolescente, perdi minha mãe, duas de minhas irmãs e meu tio, num curto espaço de tempo. O segundo foi quando assassinaram Chico Mendes. Agora, meu luto é pela Amazônia”.


Espera-se que até o meio de julho o presidente se posicione a respeito da MP. É o tempo para prosperarem ou não as conversas com o PV. Para alguns, a aprovação da MP 458 pode ser a gota d’água que faltava para empurrar a senadora para um novo desafio na sua atribulada vida.


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Batata pouca, meu pirão primeiro

Para muitos, sobretudo os social-democratas, as eleições para o Parlamento Europeu foram uma surpresa. Eles esperavam um crescimento de sua representação entre as 736 cadeiras do Parlamento, que se reúne umas doze vezes por ano, em Estrasburgo, na França. Não aconteceu. Pelo contrário, saíram na frente os partidos conservadores (aqui descritos, na maior parte da imprensa, como de centro-direita, enquanto os social-democratas ou socialistas são ditos de centro-esquerda).

Os parlamentares nessa Assembléia Supra-Nacional, que potencialmente representa um colégio de 375 milhões de eleitores de 27 países da Europa, se dividem em grandes blocos: o maior ficou sendo o Partido do Povo Europeu (Democratas Europeus), com 263 cadeiras. Em segundo ficou, apesar do recuo, o Partido dos Socialistas Europeus (onde estão o Labour britânico, o Partido Socialista Francês e o SPD alemão), com 161 cadeiras. O Partido Verde Europeu, que congrega os partidos nacionais do mesmo nome, cujo líder é o veterano de 68, Daniel Cohn-Bendit, que hoje representa o partido alemão, ficou com 52 cadeiras, e desponta como a maior força alternativa à esquerda.

Existem outros blocos ou representações políticas de significação política mais confusa, ou obtusa, como os Liberais-Democratas (ora apontados como de centro, ora como potenciais formadores de uma aliança com os Verdes), com 80 cadeiras, a União para uma Europa das Nações, 35 cadeiras, o grupo Independência-Democracia (também chamados de Eurocéticos, já que se opòem à União Européia, pelo menos no conceito atual), com 19 cadeiras. Na Suécia se elegeu pela primeira vez um representante do Partido Pirata, que prega a liberdade completa de apropriação e uso dos conteúdos na internete.

Os partidos mais à esquerda, como o PC francês, ou a Linke alemã, se agrupam na Esquerda Unificada Européia – Liga Nórdica Verde de Esquerda, que ficou com 33 cadeiras. Dentro da maré conservadora na votação, em que os partidos de Berlusconi e Sarkozy obtiveram significativas vitórias em seus países, alguns pontos de esquerda emergiram à superfície, o que pode tanto significar a ponta de um iceberg quanto apenas um bote ou até um colete salva-vidas. A social-democracia obteve vitórias na Suécia, na Dinamarca e na Grécia (e só). Em compensação, Zapatero (Espanha), Gordon Brown (Grã-Bretanha) e José Sócrates (Portugal) amargaram derrotas para os conservadores em seus países. Na Alemanha, em Berlim o Partido Verde foi o vencedor, e em Brandemburgo, região ao redor de Berlim e tradicionalmente um lugar de referência para os movimentos neo-nazistas, a Linke foi o partido vencedor, com 30% dos votos.

Do total de eleitores, 43% (aprox. 161.250.000) compareceram às urnas. Em muitos países, como a Alemanha, o voto é facultativo. Em outros, como a Grécia, é obrigatório. O Parlamento é mais uma instância de referência para tendências e debates, já que a instância decisiva mesmo da União é o Conselho Europeu, com representantes dos governos nacionais, que se reúne em Bruxelas. Entre as tendências que despontam, as mais preocupantes ficaram por conta de sucessos eleitorais da extrema-direita, sempre xenófoba e anti-imigrantes, na Holanda, na Áustria e na Hungria.

Na Holanda a bandeira da extrema-direita, que teve a segunda votação no país, foi a de que a Turquia não pode entrar na União Européia porque é um país muçulmano, e existe uma incompatibilidade entre “europeu” e “muçulmano”. Na Áustria a extrema-direita vem capitalizando o voto da juventude, desde que o país baixou a idade de votação para 16 anos. Na Hungria, país duramente varrido pela recente crise financeira, a extrema-direita é uma séria concorrente ao governo nas próximas eleições.

Da Grã-Bretanha à Alemanha e Polônia, os social-democratas atribuíram sua baixa-votação à falta de comparecimento de seu eleitorado, por falta de interesse. Essa foi a tecla tanto de Gordon Brown, em Londres, quanto de Frank-Walter Stenmeier, Ministro de Relações Exteriores do governo de coalizão em Berlim, e de Paul Nyrup Resmussen, líder do bloco social-democrata europeu. Mas a complexidade da situação sugere outras linhas de possibilidades.

Tanto analistas consultados pelo The Guardian ou o Financial Times, por exemplo, sugerem que há um retraimento histórico da votação nos social-democratas, em escala européia, por uma questão de identidade política. O professor Simon Hix, da London School of Economics, sugeriu no The Guardian a hipótese de que os trabalhadores europeus mais pobres estariam se voltando para a direita ou extrema-direita em busca de uma votação que os protegesse da leva de imigrantes que batem às portas da Europa todos os anos. Isso ajudaria a entender a ampliação do voto nos conservadores em países como a Holanda, Portugal, Espanha, e no Leste europeu. Enquanto isso, faz tempo, assinala ele, que os liberais da classe média e os trabalhadores do setor público se voltaram para os Verdes, tendo o SPD, com sua guinada histórica para a direita, deixado de ser uma referência para eles.

A hipótese é interessante. Afinal de contas, como apontaram esses e outros órgãos de imprensa, diante da crise os conservadores no poder na França, na Alemanha – países continentais de maior referência – vem aplicando políticas que são verdadeiras “sobras de naufrágio” do Welfare State (Estado do Bem Estar Social, que sempre foi uma pregação dos social-democratas): investimentos públicos, proteção ao emprego, ampliação da seguridade social, mesmo que temporária, incentivo a empregos temporários e de curto prazo, ampliação dos prazos de seguro-desemprego, subsídio para manutenção ou ampliação de empregos.

Enquanto isso, o que marcou a história dos partidos socialistas ou social-democratas concomitante à queda dos regimes comunistas, foi sua adesão ao ideário neoliberal preparado, primeiro para a América Latina pelo Consenso de Washington, ou sua adesão às conseqüências do Tatcherismo que procurou varrer do mapa político a influência dos sindicatos e dos movimentos de trabalhadores, ou mesmo quebrar a sua espinha.

Diante desse quadro, por que mudar o voto? Se as batatas são poucas (aqui só imigrantes da América Latina e da África fazem pirão de farinha de mandioca) e meu pirão vem primeiro, trata-se de assegurar a continuidade de quem está garantindo batata, pirão, talher e mesa, ainda que a opção pelo Parlamento Europeu, em termos de decisões realmente de monta, seja mais simbólica do que outra coisa.

Assim mesmo, fica a interrogação para os nossos estudiosos: por que na Europa momentos de crise significam guinadas à direita, com o afloramento de um nacionalismo xenófobo, enquanto nas Américas momentos de crise significam guinadas à esquerda (mesmo que não de esquerda), com a emergência de um nacionalismo inclusivo na América Latina, pelo menos? A pergunta vale uma investigação e um debate.


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Duas mil reclamações contra a Abril E a Abril não dá resposta



Editora Abril rumo a duas mil reclamações em um único site…

tem mais reclamações que itau, ou que real e santander juuntos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
NENHUMA COM RESPOSTA DA EDITORA

Economist: Brasil cresce 4% ano que vem.

Deu no Economist:

The economy performed less badly than expected in the first quarter: GDP shrank by only 0.8% compared with the last three months of 2008. Many analysts believe that Brazil is now starting to grow again, and will return to annual growth of 3.5% to 4% next year. If so, that would mean that the country has escaped with only a brief recession.

A economia brasileira se saiu melhor no primeiro trimestre do que se esperava. O PIB caiu apenas 0,8% … Muitos analistas acreditam que o Brasil começou a crescer de novo e voltará a crescer 3,5%, 4% ano que vem (ano da eleição – PHA). Se for isso mesmo, o Brasil terá escapado (da crise que a Miriam Leitão anunciou – PHA) com apenas uma recessão de curta duração.


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Juros de 9%, FMI, IPI dos carros

. A taxa Selic de 9,25% é a menor de 13 anos e fica abaixo dos 10 pontos.

. Por falar nisso, amigo navegante, jogue na lata do lixo todos os “analistas”, especialmente os do PiG (*) e seus colonistas (**).

O Brasil vai emprestar dinheiro ao FMI.Ontem mesmo, ao dizer à Reuters que ia emprestar uma graninha ao FMI , o presidente Lula anunciou que vai manter, de alguma forma, um IPI menor para os carros.

. Ou seja, vai segurar a indústria automobilística.


Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (*) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.


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AIDS: Serra assume como dele programa criado por Lair e Jatene

por Conceição Lemes

Nas três últimas eleições que disputou e nos programas do PSDB, o ex-ministro da Saúde e atual governador de São Paulo, José Serra, é exaustivamente apresentado como a pessoa que:

* Criou um programa de combate de aids, que é exemplo no mundo todo.

* Trabalhou e criou o melhor programa de combate à aids do mundo.

Em março de 2004, num vídeo de 30 segundos, o próprio José Serra, então presidente do PSDB, garante:

Cumprir o que se promete. Colocar as pessoas em primeiro lugar. Trabalhar muito e falar pouco. Honestidade. Estas são marcas do PSDB, o partido que tem história. O PSDB fez metrô, portos, estradas, hospitais, casas, implantou os genéricos e o melhor programa de combate à aids do mundo...

O programa de aids em pauta é o Programa Nacional de Doenças Sexuais Transmissíveis e Aids. Serra se refere evidentemente à época em que esteve à frente do Ministério da Saúde ao qual o PN-DST/Aids é subordinado. Conseqüentemente, segundo a campanha publicitária, é o seu "criador". Só que esses slogans e as variações dos mesmos, criados por marqueteiros e assumidos por José Serra, são propaganda enganosa. Por desinformação, conivência, sabujice ou má-fé, a mídia corporativa nunca os questionou nesses oito anos.

"Essa história do Serra não corresponde à verdade dos fatos. Discordo também profundamente de que este ou aquele partido criou o programa”, põe os pingos nos is a médica sanitarista Mariângela Simão, desde 2004 diretora do PN-DST/Aids. “O Brasil reagiu muito precocemente à epidemia de aids e vários atores foram importantíssimos na sua história, entre elas a doutora Lair Guerra de Macedo Rodrigues* e o professor Adib Jatene. O grande diferencial é que, no Brasil, o Programa Nacional de Aids deixou de ser uma política de governo para ser uma política de Estado.”

"PROGRAMA NACIONAL DE AIDS NÃO TEM DONO"

Entre 1981 e 1989, a sobrevida dos adultos após o diagnóstico de aids era, em média, de 5,1 meses. Em 1995/96, 58 meses. Já os diagnosticados em 1998/99, 110 meses. Há pessoas vivendo com aids no Brasil há 10, 15, 18 anos. Aids não tem cura, mas tem controle. Vive-se cada vez mais.

"Por isso, quem acha que eventualmente se expôs a alguma situação de risco no decorrer da vida, deve pensar seriamente em fazer o teste de aids", incentiva a doutora Mariângela. "Quanto mais cedo se descobre que se é portador do HIV, maior a possibilidade de qualidade de vida melhor.”

O Ministério da Saúde fornece gratuitamente o "coquetel" a 185 mil pessoas. A cada ano, novas 15 mil a 17 mil passam a utilizá-lo. A "cesta" atual compõe-se de 18 anti-retrovirais**.

Detalhe: como os pacientes tratados por muito tempo, tornam-se resistentes a várias drogas, são necessários novos anti-retrovirais. De 2005 para cá, foram introduzidos três. Em 2008, um da própria Merck, que, em 2007, teve a patente quebrada do efavirenz. E, ao contrário do que alardeavam e até torciam os opositores do governo Lula, a farmacêutica não retaliou. "O Brasil é um dos grandes mercados do mundo", alfineta Mariângela. "E o governo federal é o único comprador brasileiro."

Maior programa de aids do mundo? Melhor do mundo? Exemplo para mundo?

Mariângela tem ojeriza a carimbos triunfalistas, megalomaníacos ou personalistas. Para essas perguntas, tem uma resposta na ponta da língua: "Somos um programa com grandes feitos, mas também com muitas coisas a fazer, já que o Brasil é tremendamente desigual".

"O programa é resultado de uma construção coletiva e contínua, que fez e faz diferença até hoje: os movimentos sociais, as ONGs de prevenção e tratamento da aids, os conselhos e profissionais de saúde", orgulha-se a sua diretora. "Na verdade, o Programa Nacional de Aids não tem dono. Foi criado e consolidado por mil e uma mãos."


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sábado, 6 de junho de 2009

Cuba na OEA: a rebelião latino-americana






Ángel Guerra Cabrera - La Jornada

O acordo desconsiderou os inaceitáveis condicionamentos que insistentemente pretendiam impor os Estados Unidos, reiterativos do caráter ingerencista da resolução agora revogada, e que constuíam uma burla ao consenso existente na América Latina e Caribe de rechaçar aquele ato afrontoso.

O que evidencia a reunião da OEA é um trágico conflito em que se debate Washington. Por um lado, sua irrefreável arrogância imperial lhe impulsiona, para além de mudanças cosméticas, a perpetuar a mesma atitude punitiva a respeito de Havana que tem mantido duranto meio século.

Por outro lado, a imagem de mudança de política que tenta projetar ao sul do rio Bravo, ao proclamar um novo enfoque no trato com os vizinhos, não será convincente até que levante o bloqueio e renuncie à hostilidade contra Cuba. Neste sentido, cabe reconhecer que, ao aceitar finalmente a anulação da exclusão de Cuba, o governo de Barak Obama mostra uma sensibilidade com a nova realidade da América Latina que era impensável durante a gestão de seu nefasto antecessor.

Como já havia ocorrido em março, na cúpula de Porto Espanha, Cuba foi o centro do debate na reunião de San Pedro Sula, ainda que não estivesse na agenda. Havana expessou de maneira muito clara que não regressará à OEA, de modo que o que estava em discussão era a reparação, pelos estados-membros, incluindo os Estados Unidos - de uma enorme injustiça histórica, como assinalou o presidente do país anfitrião, Manuel Zelaya, em um discurso honesto e valente como poucas vezes se escutou em uma reunião do obsoleto mecanismo.

A resolução adotada pelos chanceleres põe fim a outra, imposta por Washington ao preço de subornos, ameaças e chantagens, contando de antemão com o voto de ditaduras sangrentas como as de Trujullo, Somoza, Stroessner e outros. A OEA foi batizada naquele momento como 'ministério das colônias dos Estados Unidos' pelo ilustre chanceler cubano de então, Raúl Roa, qualificação amplamente conquistada pela cumplicidade do ente, antes e até hoje, com a criminosa política intervencionista dos Estados Unidos na Região.

Todos os governos latino-americanos, sem exceção, têm telações diplomáticas com Cuba, cujo ingresso ao Grupo do Rio e a participação na primeira Cúpula da América Latina e caribe, celebrada em dezembro passado no Brasil, mostrou a vontade unânime de seus chefes de Estados e governos de repararem definitivamente a exclusão da ilha dos foros regionais.

Era muito clara a postura latino-americana em San Pedro Sula, e muito clara também a intenção inicial dos Estados Unidos de impedí-la com condicionamentos que deixariam vulneráveis a própria carta da organização, como demonstrou o presidente Zelaya, ao ler o artigo que reconhece o direito dos estados membros de escolher o sistema político, econômico e social que queiram, sem interferência estrangeira.

Washington deve entender a trancedental transformação social e política que está ocorrendo na América Latina e esquecer-se de que uma mera mudança de retórica e estilo em sua política exterior, ainda que conserve a mesma substância imperialista, fará depor os ares de independência e rebeldia que emanam das ruas, das minas, das veredas e das fábricas de nossa América.

As mudanças na América Latina são de tal natureza que a OEA já não pode funcionar ao império como em outros tempos. A OEA nasceu do panamericanismo, encarnação da doutrina Monroe. José Martí a aniquilou muito antes de seu nascimento, quando, a propósito da Primeira Conferência Panamericana, em 1889, sentenciou: ''Porque ir aliado, no melhor da juventude, na batalha que os Estados Unidos se preparam para travar com o resto do mundo?''

Em todo caso, a América Latina e o Caribe necessitam de uma estrutura regional própria, como reclamaram Hugo Chávez, Rafael Correa, Evo Morales e Daneil Ortega, alheia a potências estrangeiras, defensora do ideal bolivariano de independência, unidade e integração.

Tradução: Patria Latina

O Governo Obama tem sido incoerrente, tem tido boas atitudes com a América e más com o Oriente médio por exemplo, isto pode ser uma estratégia, mudar o foco de exploração, nos convidar para sermos aliados e agridir outros. A primeira vista pode parace bom para nós o prestígio, mas não devemos esquecer quem eles são, não gostaria de compactuar com práticas imperíalistas, não quero como eles.

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segunda-feira, 1 de junho de 2009

A esquerda chega ao governo em El Salvador



Funes e a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional conseguiram quebrar o forte aparato governamental e a sistemática campanha anticomunista, depois de várias tentativas e abrem um período novo na história do país.

As solenidades, a que assistirão 17 mandatários, se faz com o nome: Um encontro com a história, para marcar o momento histórico que vive o país. Grande quantidade de gente do povo passou o domingo inteiro concentrados nos principais eixos da cidade, recepcionando com as bandeiras vermelhas da FMLN, as delegações estrangeiras.

De manhã Funes tomará posse formal e à tarde a FMLN faz grande comício e festa popular no estádio de futebol da cidade, com capacidade normal de 45 mil pessoas, mais os espaços do gramado, que serão ocupados pelas delegações convidadas.

O governo foi formado com participação do FMLN em postos essenciais – entre eles o Ministério de Governação, um espécie de ministério da Justiça, o de Educação, ocupado por Salvador Sanchez, o ex-comandante Leonel, eleito vice-presidente, assim como dois ex-prefeitos de São Salvador e o importante Ministério da Defesa. Funes terá minoria no Parlamento, onde a oposição reelegeu o presidente da Câmara, mas poderá contar com imenso apoio popular para desbloquear temas importantes. Por agora o Congresso já aprovou o projeto de lei de estabelecimento da gratuidade no ensino, que não existia anteriormente.

Com o governo da FMLN se alastra um clima de diversidade ideológica e política na América Central, à qual se somam os governos de Honduras e da Nicarágua, ambos aderidos à Alba, situação que a região nunca tinha conhecido. Aguarda-se os discurso da manhã e da tarde de Funes, para saber que tom dará a seu governo.

Por ser o menor pais do continente, El Salvador é chamado de pequeno polegar. Foi, durante muito tempo, a economia mais dinâmica da região, uma das poucas – junto com Costa Rica – que tinha conseguido um certo nível de desenvolvimento industrial, mesmo se seu comércio exterior – como o de todos os países centroamericanos – se centra na exportação de produtos primários, em geral agrícolas, de pouco valor no mercado internacional, uma das principais razões do atraso relativo desses paises no conjunto da América Latina.

A passagem ao ciclo longo recessivo da economia internacional afetou duramente a El Salvador e a toda a América Central, contraindo suas exportações e fazendo mergulhar a região na sua pior crise econômica e social, comparável àquela dos anos 30.

Nessa década surgiram os dois mais importantes lideres populares da Ameríca Central – Sandino, na Nicaragua, e Farabundo Marti, em El Salvador,ambos liderando setores camponeses e lutando contra as reiteradas intervenções militares norte-americanas. A luta dos sandinistas foi retomada nos anos 50 e desembocou, em 1979, na vitoria da insurreição que derrubou a longa ditadura dos Somoza.

O triunfo teve conseqüências imediatas nos países vizinhos. A Guatemela, que havia tido um ciclo de guerrilhas rurais nos anos 60, retomou com força essa luta, assentada dessa vez na unificação das várias frentes guerrilheiras, à que se somou o Partido Comunista. El Salvador tinha alguns grupos clandestinos e o PC, mas foi com a vitória sandinista que se iniciou a luta armada, igualmente unificando os núcleos que se organizavam separadamente para a luta armada, à que também se somou o PC.

Postado por Emir Sader às 19:44


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