sábado, 6 de junho de 2009

Cuba na OEA: a rebelião latino-americana






Ángel Guerra Cabrera - La Jornada

O acordo desconsiderou os inaceitáveis condicionamentos que insistentemente pretendiam impor os Estados Unidos, reiterativos do caráter ingerencista da resolução agora revogada, e que constuíam uma burla ao consenso existente na América Latina e Caribe de rechaçar aquele ato afrontoso.

O que evidencia a reunião da OEA é um trágico conflito em que se debate Washington. Por um lado, sua irrefreável arrogância imperial lhe impulsiona, para além de mudanças cosméticas, a perpetuar a mesma atitude punitiva a respeito de Havana que tem mantido duranto meio século.

Por outro lado, a imagem de mudança de política que tenta projetar ao sul do rio Bravo, ao proclamar um novo enfoque no trato com os vizinhos, não será convincente até que levante o bloqueio e renuncie à hostilidade contra Cuba. Neste sentido, cabe reconhecer que, ao aceitar finalmente a anulação da exclusão de Cuba, o governo de Barak Obama mostra uma sensibilidade com a nova realidade da América Latina que era impensável durante a gestão de seu nefasto antecessor.

Como já havia ocorrido em março, na cúpula de Porto Espanha, Cuba foi o centro do debate na reunião de San Pedro Sula, ainda que não estivesse na agenda. Havana expessou de maneira muito clara que não regressará à OEA, de modo que o que estava em discussão era a reparação, pelos estados-membros, incluindo os Estados Unidos - de uma enorme injustiça histórica, como assinalou o presidente do país anfitrião, Manuel Zelaya, em um discurso honesto e valente como poucas vezes se escutou em uma reunião do obsoleto mecanismo.

A resolução adotada pelos chanceleres põe fim a outra, imposta por Washington ao preço de subornos, ameaças e chantagens, contando de antemão com o voto de ditaduras sangrentas como as de Trujullo, Somoza, Stroessner e outros. A OEA foi batizada naquele momento como 'ministério das colônias dos Estados Unidos' pelo ilustre chanceler cubano de então, Raúl Roa, qualificação amplamente conquistada pela cumplicidade do ente, antes e até hoje, com a criminosa política intervencionista dos Estados Unidos na Região.

Todos os governos latino-americanos, sem exceção, têm telações diplomáticas com Cuba, cujo ingresso ao Grupo do Rio e a participação na primeira Cúpula da América Latina e caribe, celebrada em dezembro passado no Brasil, mostrou a vontade unânime de seus chefes de Estados e governos de repararem definitivamente a exclusão da ilha dos foros regionais.

Era muito clara a postura latino-americana em San Pedro Sula, e muito clara também a intenção inicial dos Estados Unidos de impedí-la com condicionamentos que deixariam vulneráveis a própria carta da organização, como demonstrou o presidente Zelaya, ao ler o artigo que reconhece o direito dos estados membros de escolher o sistema político, econômico e social que queiram, sem interferência estrangeira.

Washington deve entender a trancedental transformação social e política que está ocorrendo na América Latina e esquecer-se de que uma mera mudança de retórica e estilo em sua política exterior, ainda que conserve a mesma substância imperialista, fará depor os ares de independência e rebeldia que emanam das ruas, das minas, das veredas e das fábricas de nossa América.

As mudanças na América Latina são de tal natureza que a OEA já não pode funcionar ao império como em outros tempos. A OEA nasceu do panamericanismo, encarnação da doutrina Monroe. José Martí a aniquilou muito antes de seu nascimento, quando, a propósito da Primeira Conferência Panamericana, em 1889, sentenciou: ''Porque ir aliado, no melhor da juventude, na batalha que os Estados Unidos se preparam para travar com o resto do mundo?''

Em todo caso, a América Latina e o Caribe necessitam de uma estrutura regional própria, como reclamaram Hugo Chávez, Rafael Correa, Evo Morales e Daneil Ortega, alheia a potências estrangeiras, defensora do ideal bolivariano de independência, unidade e integração.

Tradução: Patria Latina

O Governo Obama tem sido incoerrente, tem tido boas atitudes com a América e más com o Oriente médio por exemplo, isto pode ser uma estratégia, mudar o foco de exploração, nos convidar para sermos aliados e agridir outros. A primeira vista pode parace bom para nós o prestígio, mas não devemos esquecer quem eles são, não gostaria de compactuar com práticas imperíalistas, não quero como eles.

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